sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Rock'n'Roll Maratona de Lisboa 2017

A vida é como um livro feito de capítulos, e em que no final de cada um há um ensinamento a aprender. Neste capítulo da maratona, e apesar de já não ser a 1ª, há várias coisas que tenho que retirar para não se repetirem no futuro...

Tal como no ano passado, andei quase até às últimas a decidir se ia ou não à maratona. Sensivelmente a um mês da prova, comprei um dorsal a uma pessoa que não poderia ir, e vendi-o um par de dias depois (pelo mesmo valor!!) porque soube que a minha empresa ia pagar a inscrição a quem quisesse ir :)

No referente à preparação, no último mês dediquei-me exclusivamente a preparar esta prova: deixei de ir pra serra, e substituí esses treinos por outros longos de estrada. Com o aproximar da data a confiança aumentava, estava a sentir-me bem nos treinos, e com isto estabeleci o objectivo de baixar o tempo do ano passado, das 3.35 para um tempo a rondar as 3.20 / 3.25. Para conseguir isso, a estratégia passava por juntar-me ao grupo da banedira das 3:30 até à zona de Algés e depois, se as pernas o permitissem, descolar para tentar então baixar o tempo.

No domingo, a rotina pré-prova correu sem sobressaltos. Fui com o amigo Gil Caldeira, companheiro de equipa do OCS PROAVENTURAS, deixámos o carro, tal como nos outros anos, na estação de Algés e lá apanhámos o comboio. Chegados a Cascais a caminhada até ao largo do Hipódromo, últimos preparativos e ir para a caixa de partida. Tudo OK e sem sobressantos, a confiança estava em altas!

Dada a partida, este anos 30 minutos mais cedo, arrancámos no meio da multidão inicial juntamente com o grupo das 3:30.

Depois dos metros iniciais o pelotão começou a esticar e a haver espaço, e deu para estabilizar ritmos. E esta é a grande questão e foi, a meu ver, o meu grande problema... Para fazer 3.30, o ritmo deveria ir a rondar os 5'/km; acontece que o pacer ia a colocar ritmos mais elevados entre os 4'40" e 4'50", apenas com alguns abrandamentos esporádicos...

Eu dei conta disto, olhei várias vezes para o relógio e pensei que íamos rápido...
É óbvio que a culpa não foi dele; a estratégia que eu tinha definido poderia (e deveria) tê-la mantido, e continuar eu a rolar a 5' só que... naquele momento, com a adrenalina da prova e a frescura ainda dos km iniciais, deixei-me ir...

Deixei-me ir, ora à frente do grupo ora atrás, devido às várias paragens que tive de fazer para aliviar a bexiga!! E assim foi, até por volta do k30, onde basicamente fez PUM!!
Comecei a ter mais dificuldade em correr, senti os gémeos como nunca os tinha sentido, mesmo em distâncias muito superiores. E a partir daí, resignei-me e vi-me obrigado a baixar o ritmo, e na zona de Algés houve um pedaço onde fui mesmo a alternar a corrida com caminhada. 

Nos kms finais, com o aproximar da meta ganhei algum ânimo e as forças parece que reapareceram, e voltei a correr.só parando quando cortei a meta!





Esta foi das 3, claramente a maratona onde sofri mais para acabar. Identifico alguns erros que cometi e não deveria até porque já não sou inexperiente nestas andanças... O descanso é fundamental, mas nas noites que antecederam a prova, em vez de me deitar cedo arranjava qualquer coisa para fazer e ir pro sofá; no dia anterior, que se requer de repouso, passei a manhã em Monsanto (aqui não me cansei, pelo contrário foi relaxante!) mas depois de sair de lá e um almoço no McDonald's, passei 1:30' na fila para levantar dorsal, em pé e sem hidratar; na prova em si, deixei-me levar pela adrenalina e fui a ritmos superiores áqueles que era suposto para fazer o tempo que ambicionava e para os quais estava preparado...

É com os erros que aprendemos, e vou tentar não esquecer esta experiência para não voltar a cometer os mesmos erros.

Quanto à organização da prova e a todas as críticas que já foram feitas, espera-se mais de uma organização com os anos de experiência como esta. O processo de levantamento de dorsais foi vergonhoso, com filas de horas e tudo apertado nos balcões, sem capacidade de dar resposta a tanta gente. A feira... bem é caso para perguntar: que feita??? Meia dúzia de stands num espaço apertado e meio escuro, enfim.... Eu não tive esse problema, mas não haver camisolas para toda a gente??? Inadmissível sr Móia!! Pelo menos, e no que à maratona diz respeito, não identifiquei falhas graves na organização: bastantes abastecimentos e sem faltar água, e o local da meta excelente; para mim tiraram o que mais detestava nesta prova, que era a junção com a meia-maratona.

Uma nota final para o público: em Cascais havia muita gente na rua, quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; ao longo da marginal havia algum público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; à chegada ao Cais do Sodré e até à meta, havia muito público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis. Há aqui um padrão, não há?? Os portugueses, com excepção daquele pessoal que corre e foi apoiar ou de quem tinha lá familiares/amigos, parece quase que estão num velório. Já que estavam ali, apoiassem quem para quem já vai em esforço ouvir um incentivo dá sempre um ânimo extra.

3 comentários:

  1. Eu também me deixei levar pela euforia inicial dos primeiros kms e aos 12 kms estava a dar o berro... A diferença é que eu só fiz 21kms e mais uns metros.

    Sobre a organização já disse o que tinha a dizer, e concordo contigo a 100% em relação ao público nas ruas. Os espanhóis não só fazem a festa para os deles, como fazem para todos os atletas que por eles passam.

    Tivessem as provas começado com 2h de diferença e teríamos cortado a meta ao mesmo tempo! :D

    Agora volta mas é aos trilhos! hehe

    Abraço

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    1. O problema é que já não somos meninos nisto, e devíamos saber refrear a euforia inicial... Sempre a aprender.
      Os espanhóis são especaculares e só me deixam com vontade de a próxima maratona ser a de Sevilha!
      Essa do horário de início das provas é outra que não entendo, como também referiste: porque não começa a MM mais cedo?? Pode ser que para o ano alterem a hora, tal como este ano alteraram a hora de início da Maratona...
      O regresso aos trilhos é já domingo ali para Porto Covo, e depois Zêzere :)

      E tu quando voltas?! ;)

      Abraço

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  2. Olá Paulo,
    Só hoje é que li esta tua crónica. Também fiz esta Maratona e posso dizer-te que das 9 que já fiz até hoje foi a que me correu pior. Também "aprendi" com os erros. No meu caso foi falta de descanso (na noite anterior dormmi 1h30m, talvez ansiedade...) e a falta de alimentação antes da prova (só comi às 4h30m da manhã e depois durante a prova) resultado... subida de Oeiras(Km26/27) "levei com a marreta"!!
    2 pontos:
    - ORGANIZAÇÃO - Nada a acrescentar ao que disseste. No meu caso "apenas" 30 minutos na fila e (ainda) tive direito à camisola mas só na medida acima da minha... :P Das Maratonas em que já participei Lisboa é a PIOR em termos de organização!
    APOIO - Se queres sentir a VERDADEIRA "fúria" dos espanhois aconselho-te a fazer a prova de Sevilha (Fevereiro) 95% (para não dizer 99%) do percurso com pessoas a APOIAR VERDADEIRAMENTE!

    P.S. - Este ano vou lá voltar novamente porque tenho contas a ajustar com ela ;)

    Um grande abraço,
    Miguel Marques

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