terça-feira, 28 de novembro de 2017

5º Trail do Zêzere 70k


Esta era uma daquelas provas que estão na lista de provas a fazer, por isso quando estive a fazer o planeamento de provas para a 2ª metade do ano, esta entrou no 1º momento. Seria o maior objectivo do 2º semestre, seria… se o ano terminasse em Novembro, mas essa é outra história!!
Para esta prova inovei, fiz o que nunca tinha feito e resolvi ir no dia antes e ficar no solo duro. Seria uma novidade dormir num espaço com mais umas dezenas de atletas, mas andava curioso para experimentar e esta foi a oportunidade ideal.
Assim, na 6ª após o trabalho, encontrei-me com o Elvino em Lisboa e seguimos os 2 até Ferreira do Zêzere. Viagem nas calmas e sem percalços, a conversar sobre os assuntos do momento e planos para a próxima época. Chegados a FZZ, ainda pouco movimento junto ao pavilhão, fomos logo levantar os dorsais e depois preparar o lugar para dormir no solo duro. Após um jantar descansado num restaurante ali perto, voltámos para acabar de preparar o material e foi hora de descansar…

 
Despertador tocou pelas 5.30, mas já estava meio acordado. A verdade é que, se a noite até decorreu sem muito barulho, ao acordar houve pessoal que se esqueceu que havia ali mais gente a querer descansar. A mim acabou por não incomodar, mas havia gente que ia para as outras provas e acabou por acordar àquela hora… adiante

Trouxa arrumada no carro e pequeno-almoço tomado, lá seguimos para a partida, com um frio do caraças!! As luvas deixei-as no saco no carro, mas bem que me arrependi… 

Passavam alguns minutos das 7, apos umas breve palavras do Luís Graça, foi dada a partida. Optei por arrancar rápido para tentar aquecer, e depois iria abrandar, e assim foi. Primeiros km em alcatrão a rolar bem, e depois quando entrámos nos trilhos baixei então para o meu ritmo.


O plano para a prova passava por ir com calma a gerir o esforço, sem nunca forçar demasiado; o objectivo era terminar, e o 2º objectivo era terminar!

A paisagem, o mais marcante nesta prova, era à nossa volta desoladora… tudo preto, tudo queimado. Se afastássemos um pouco o olhar, ao largo tínhamos o rio e as nuvens baixas que davam outro ar ao ambiente, mas quando voltávamos a olhar à volta, triste muito triste…

Segui bem até ao 1º abastecimento por volta do k8, onde mesmo ao chegar toca o telefone J eram a Bela e os miúdos a dar o bom dia e a saber como estava! Segui um pouco a caminhar à conversa com eles e depois voltei a correr. Ainda estávamos no início, e ia a sentir-me bem. O percurso era bom, um sobe e desce constante mas dava para manter um bom ritmo. 

Ate que por volta do k20, quando já levávamos vários km a correr pelo meio do queimado, comecei a ter algumas dificuldades a respirar. O cheiro ainda a queimado, o ar saturado estava a causar-me dificuldade em respirar, e com uma sensação de secura constante na garganta, mas por mais que bebesse, e bebi muito, a secura não passava. Pois não, a garganta estava irritada e doía.

Estas dificuldades obrigaram-me a abrandar um pouco. Se tinha de beber mais água entre abastecimentos tinha de me resguardar mais e lá fui seguindo, pelo autêntico serrote castanho que nos ofereceram. 
Paisagens brutais, mas tudo queimado...
Outra das novidades que levei para esta prova, mas que até à última hora esteve em dúvida, foram os bastões; e que escolha acertada que se revelou. Ajudaram a subir, e ajudaram tanto ou mais a descer, servindo de apoio ou travão. 


Por volta do km 43 juntei-me a mais dois companheiros. Isto do trail é fantástico porque nos permite ir a locais fantásticos, mas dá-nos igualmente a oportunidade de conhecer pessoas com quem a sintonia é imediata. Foi assim com o José e o Mário. 
Aqui ainda ia sozinho!
Já tínhamos andado ali no ora avanças tu ora avanço eu, mas a partir deste momento juntámo-nos e foi ate final. Conversa agradável sobre muita coisa, lá fomos progredindo. Chegados ao abastecimento do k50, íamos na expectativa se teríamos algo diferente dos restantes abastecimentos para comer.

E aqui vai a principal crítica (1 de 2) que faço à organização. Se tiveram um trabalho de louvar a erguer uma prova destas numa zona totalmente destruída pelos incêndios, critico o facto de, após 50k a única coisa que disponibilizam diferente no abastecimento é uma taça de canja. Isto é polémico e já houve grandes discussões noutros locais por causa disto, mas porra… nem metade de um pão com qualquer coisa lá no meio??? Andamos há 7 ou 8 horas a meter laranja banana e batata frita misturada com água e isotónico, se calhar era bom ingerir algo mais solido, não??

A outra critica (2 de 2) é, a seguir a este abastecimento, meterem-nos a fazer 7km serra acima, com uma parede brutal a subir e a descer, para voltarmos… adivinhem: ao mesmo abastecimento pois!!! Para quê meus senhores??? Para colocar mais altimetria? Fazer uma prova de 70k em vez de 60? O chamado encher chouriço.

Depois desta 2ª passagem neste abastecimento, já de noite e com o tempo a arrefecer, iniciámos então o regresso a FZZ. Regresso feito nas calmas. O terreno ardido apresentava algumas armadilhas, com buracos e troncos queimados, e aqui já ninguém queria arriscar alguma lesão. A prova estava feita e era só terminá-la, e este regresso foi feito nas calmas, com muita subida e a trotear quando possível. 
Obrigado Mário e José pela companhia
13h02 depois de partir chegámos ao pavilhão, objectivo conseguido J prova terminada sem mazelas. A nível muscular senti-me sempre capaz - trabalho de ginásio a dar frutos - e no dia a seguir fui mesmo para a Serra da Arrábida limpar os pulmões com uma caminhada de cerca de 10k!