quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Trail Abrantes 100


Sexta-feira, meio da manhã; acordei com as vias respiratórias completamente entupidas, cheio de dores de cabeça e a vomitar...  Andei a semana toda a escapar à vaga de constipações que andava lá por casa, e no dia em que tinha de estar mesmo bem, levei com ela toda em cima. Mal me conseguia mexer, mal me aguentava em pé, comer nem pensar... 12h antes do início da prova o meu pensamento era não ir. A Ana Bela envia uma mensagem ao Paulo, com quem eu tinha tudo combinado para ir, a avisar que não estava bem e a pensar em não ir, mas ficamos de dizer alguma coisa mais tarde. Entretanto, tanto ela como os miúdos, principalmente o Tomás, vão dando força e incentivando para animar e ir. Vou tomar um banho, visto-me e aos poucos começo-me a sentir melhor, e mando esta mensagem ao Paulo:
A muito custo consegui comer um bocado de arroz e um pedaço pequeno de carne, fui à farmácia comprar Antigripine, coloquei as coisas no carro e arranquei em direcção a casa do Paulo. O espírito já era outro neste momento
A viagem até Azeitão foi rápida e calma, coloquei tudo no carro do Paulo e arrancámos: os Paulos e as Anas, as dele que a minha ficou por cá :)

Viagem até Abrantes nas calmas e na conversa, com muito nevoeiro e uma paragem em Ponte de Sor para jantar bem. 9 e tal da noite chegámos a Abrantes, fomos levantar dorsais e assistir à tertúlia; conversa interessante durante pouco mais de hora e meia.



De seguida aproveitar as boas instalações disponíveis para equipar abrigado do frio e da chuva molha tolos que caía, e por fim concentrar para a grande jornada que teria pela frente.


Bem dispostos, nada nos assustava!!







Concentrado enquanto ouvia o briefing, momentos antes da partida
Pela 01h da manhã é dada a partida.


Caía um orvalho, nem sei se chegava a poder ser considerado molha tolos! A temperatura, contrariamente ao que temia, estava bestial para correr. 
Arrancámos nas calmas.
O Paulo vinha de lesão e tinha poucos treinos para esta prova, pelo que o combinado era irmos sempre juntos, mas ele comandava; se se sentisse bem corríamos e se sentisse algum tipo de dor/cansaço abrandávamos; não forçar a subir e correr no plano e descidas. Plano simples portanto!!

E a verdade é que fomos indo sem grande dificuldade sempre num ritmo confortável para os dois em que nos permitia ir a conversar. Rapidamente passámos pelo 1º abastecimento ao km9 mas não parámos e seguimos directos para o abastecimento aos 16k. Por esta altura já nos tínhamos apercebido que a maior dificuldade que iríamos ter era o nevoeiro nalgumas zonas: com o foco do frontal chegávamos a ver pouco mais de um par de metros por vezes. Nalguns locais, principalmente bifurcações (e esta acho que é a única crítica que faço à organização) as marcações estavam fracas, com poucos refletores e as fitas brancas não se viam.
Chegámos ao 2º abastecimento na aldeia de Sentieras, e a animação no local do abastecimento era brutal. Brutal era também a mesa que ali tínhamos à nossa disposição, cheia de comida, e a simpatia das muitas pessoas que ali estavam que prontamente se ofereceram para nos ajudar e tirar fotos connosco!!! Depois de reabastecidos lá seguimos, e à saída do abastecimento, tal como nos seguintes, era brutal o choque térmico que levávamos: à saída ficávamos gelados levando alguns minutos até recuperar a temperatura.

O próximo abastecimento era em Casais Revelhos ao km25 e lá fomos nós sempre a manter o plano. Uma vez mais ao chegar ao abastecimento, a animação era enorme, e a comida nas mesas também!! Tratámos de abastecer e comer com calma, e arrancámos para mais um segmento, este de apenas 6km até Casal das Mansas. Neste segmento senti algumas dificuldades: não me apetecia correr, só queria poder encostar-me e dormir!! Ia cheio de sono e o Paulo só perguntava se me podia bater para ver se acordava!!! Lá me fui arrastando até ao abastecimento e aqui chegado perguntei à simpática senhora que lá estava se havia café. A resposta foi negativa, já tinha acabado, mas rapidamente fizeram mais e me deu uma caneca de café, acabadinho de fazer, nham nham :P O Paulo estava a apressar-me, mas eu só queria beber o meu cafezinho!! Lá lhe fiz a vontade e me despachei o possível, e seguimos para as Mouriscas, dali a 6k apenas. 

Entre abastecimentos não há muito que contar, o percurso era agradável, pouco técnico e muito corrível, e a noite estava bestial para correr, ninguém diria que estávamos em Dezembro!!

Quando chegámos ao abastecimento estava cheio de fome. Sentei-me e enchi-me de batata frita e 2 sandes de presunto. Fiquei satisfeito, abasteci os flasks e arrancámos. Este seria o último abastecimento de noite, o próximo era aos 50k na Concavada, a base de vida. 
E chegámos lá, contrariamente a todas as previsões do Paulo que falava em estarmos lá entre as 9 e as 12h, eram cerca das 8.10 da manhã!! Estávamos bem, muito bem. Eu ia a sentir-me espectacular, já tinha falado para casa com a Bela e os miúdos, estava tudo a correr às mil maravilhas que até parecia mentira!! 
Neste abastecimento tínhamos planeado fazer uma paragem prolongada, e arrancar por volta das 9 da manhã. Aproveitámos para mudar de roupa e comer. Comi bastante mesmo, cheguei aqui esfomeado e aproveitei para comer descansado e recuperar energias. Aqui tivemos também pela 1ª vez a companhia das Anas do Paulo, que nos ajudaram a trazer comida, a encher flasks, a relembrar-me para tomar o antigripine... um sem fim de coisas mas que numa prova destas por mais pequenina que seja a ajuda faz imensa diferença.

Saímos retemperados e cheios de confiança. Metade estava feito, a metade que considerávamos mais difícil por ser de noite, por causa do nevoeiro, do sono, erc.

Com o passar dos km e a perspectiva de fazer um bom tempo, nesta altura apontávamos para algo à volta das 15h, a confiança ia em altas e seguíamos bastante animados. 
Rapidamente chegámos ao abastecimento seguinte, aos 58k na Central do Pego, comemos qualquer coisa e seguimos. O próximo era aos 67e lá chegados contámos novamente com a ajuda das Anas, e só tivemos de comer e descansar. Uma das pessoas que lá estava também nos diz que estamos muito bem classificados, pelo 30º lugar, e saímos cheios de ânimo para mais um segmento de 8k, até às Arreciadas.

Ao chegar ao abastecimento, foto da Ana Ribeiro Alves
Cheguei a este abastecimento novamente cheio de fome!! Comi novamente bastante, quando não havia sandes de presunto as senhoras iam fazer mais!! 
Saímos novamente cheios de confiança e com um até já, pois o próximo abastecimento era dali a apenas 5k.

E foi depois deste abastecimento dos 80k, não sei ao certo quanto km depois, que deixei de conseguir correr. A dor já vinha a aparecer há alguns km, mas com 80k nas pernas é normal ter dores!! Pensei que fossem cãimbras, e fui seguindo, mas as dificuldades para correr foram aumentando. 
E aqui toda a prova foi por água abaixo.... As perspectivas de lutar por ganhar mais alguns lugares na classificação, fazer um bom tempo, terminaram por aqui. Ainda disse ao Paulo para ele seguir, eu não ia desistir mas já não conseguia correr... Ele não me abandonou, e assim fomos em modo caminhada até ao Tramagal, aos 93k.

À chegada ao Tramagal, foto da Ana Ribeiro Alves

Chegada ao Tramagal, adoro esta foto!
Neste abastecimento ainda tinha alguma esperança que fossem câimbras o que sentia, e tomei uns comprimidos de magnésio e comi banana, mas nunca chegou a fazer efeito, o mal era outro....
E lá seguimos resignados, eu a lutar contra as dores e o Paulo sem nunca me abandonar. 
Estes últimos km, não até aos 100 como "prometido" mas 104.5 que marcou no meu relógio (estreei aqui o meu novo Suunto Spartan Ultra, espectacular!!), foram uma guerra enorme, mas já tinha decidido que iria terminar custasse o que custasse...
O percurso junto ao rio até era capaz de ser agradável, mas eu não tinha vontade nenhuma de olhar pro lado... só queria chegar à ponte para atravessar para a outra margem, mas a porra da ponte nunca mais chegava... Quando por fim chegou, já de noite, faltava "só" mais um bocadinho, que era voltar para trás um par de km num trilho junto ao rio, mas com bastante pedra solta e alguns declives. Louvo a paciência que o Paulo aqui teve comigo, obrigado amigo...
Por fim, apanhamos a última rampa, e chegados lá acima o Paulo avança e diz estas palavras que não esqueço: "Este momento é teu, lutaste para o conseguir, espero por ti ali na meta. Não chores!!".
Mas chorei. Liguei para casa a dizer que estava feito, que estava a chegar ao estádio; desliguei o telefone, olhei para o céu e ofereci esta prova a Ela que nunca me abandona, a minha Mãe. Chorei, gritei, descarreguei tudo enquanto percorria os metros iniciais no tartan da pista. 
Na meta já via o Paulo, as Anas e alguns elementos do staff a puxar por mim e a bater palmas. Sem conseguir, tentei fazer alguma coisa parecida com corrida nos últimos metros, e terminar a prova com alguma dignidade!!









Não tenho ainda palavras para agradecer ao Paulo, à Ana e à Ana por tudo... Toda a atenção, a ajuda, o carinho e paciência que tiveram para comigo, sem vocês acho que não tinha terminado a prova. Mais uma vez, obrigado :)

Quanto à prova/organização, já mencionei acima a questão das marcações que, nomeadamente nalgumas bifurcações deveria ser reforçada. Quanto ao resto, e enquanto pude desfrutar, adorei o percurso, estava a ser a prova perfeita. E os abastecimentos.... bem, estes abastecimentos foram simplesmente os melhores que já apanhei. E a simpatia dos voluntários, sempre prontos a ajudar, sempre a apoiar, TOP TOP

Um ponto negativo, para mim: a medalha finisher não gostei. Admiro o atleta que está retratado na medalha, mas um bocado de plástico com uma fotografia de um atleta penso que não seja a melhor opção. Porque não com o castelo de Abrantes???

Como disse, gostei da prova, e conto voltar para melhorar este tempo ;)

terça-feira, 28 de novembro de 2017

5º Trail do Zêzere 70k


Esta era uma daquelas provas que estão na lista de provas a fazer, por isso quando estive a fazer o planeamento de provas para a 2ª metade do ano, esta entrou no 1º momento. Seria o maior objectivo do 2º semestre, seria… se o ano terminasse em Novembro, mas essa é outra história!!
Para esta prova inovei, fiz o que nunca tinha feito e resolvi ir no dia antes e ficar no solo duro. Seria uma novidade dormir num espaço com mais umas dezenas de atletas, mas andava curioso para experimentar e esta foi a oportunidade ideal.
Assim, na 6ª após o trabalho, encontrei-me com o Elvino em Lisboa e seguimos os 2 até Ferreira do Zêzere. Viagem nas calmas e sem percalços, a conversar sobre os assuntos do momento e planos para a próxima época. Chegados a FZZ, ainda pouco movimento junto ao pavilhão, fomos logo levantar os dorsais e depois preparar o lugar para dormir no solo duro. Após um jantar descansado num restaurante ali perto, voltámos para acabar de preparar o material e foi hora de descansar…

 
Despertador tocou pelas 5.30, mas já estava meio acordado. A verdade é que, se a noite até decorreu sem muito barulho, ao acordar houve pessoal que se esqueceu que havia ali mais gente a querer descansar. A mim acabou por não incomodar, mas havia gente que ia para as outras provas e acabou por acordar àquela hora… adiante

Trouxa arrumada no carro e pequeno-almoço tomado, lá seguimos para a partida, com um frio do caraças!! As luvas deixei-as no saco no carro, mas bem que me arrependi… 

Passavam alguns minutos das 7, apos umas breve palavras do Luís Graça, foi dada a partida. Optei por arrancar rápido para tentar aquecer, e depois iria abrandar, e assim foi. Primeiros km em alcatrão a rolar bem, e depois quando entrámos nos trilhos baixei então para o meu ritmo.


O plano para a prova passava por ir com calma a gerir o esforço, sem nunca forçar demasiado; o objectivo era terminar, e o 2º objectivo era terminar!

A paisagem, o mais marcante nesta prova, era à nossa volta desoladora… tudo preto, tudo queimado. Se afastássemos um pouco o olhar, ao largo tínhamos o rio e as nuvens baixas que davam outro ar ao ambiente, mas quando voltávamos a olhar à volta, triste muito triste…

Segui bem até ao 1º abastecimento por volta do k8, onde mesmo ao chegar toca o telefone J eram a Bela e os miúdos a dar o bom dia e a saber como estava! Segui um pouco a caminhar à conversa com eles e depois voltei a correr. Ainda estávamos no início, e ia a sentir-me bem. O percurso era bom, um sobe e desce constante mas dava para manter um bom ritmo. 

Ate que por volta do k20, quando já levávamos vários km a correr pelo meio do queimado, comecei a ter algumas dificuldades a respirar. O cheiro ainda a queimado, o ar saturado estava a causar-me dificuldade em respirar, e com uma sensação de secura constante na garganta, mas por mais que bebesse, e bebi muito, a secura não passava. Pois não, a garganta estava irritada e doía.

Estas dificuldades obrigaram-me a abrandar um pouco. Se tinha de beber mais água entre abastecimentos tinha de me resguardar mais e lá fui seguindo, pelo autêntico serrote castanho que nos ofereceram. 
Paisagens brutais, mas tudo queimado...
Outra das novidades que levei para esta prova, mas que até à última hora esteve em dúvida, foram os bastões; e que escolha acertada que se revelou. Ajudaram a subir, e ajudaram tanto ou mais a descer, servindo de apoio ou travão. 


Por volta do km 43 juntei-me a mais dois companheiros. Isto do trail é fantástico porque nos permite ir a locais fantásticos, mas dá-nos igualmente a oportunidade de conhecer pessoas com quem a sintonia é imediata. Foi assim com o José e o Mário. 
Aqui ainda ia sozinho!
Já tínhamos andado ali no ora avanças tu ora avanço eu, mas a partir deste momento juntámo-nos e foi ate final. Conversa agradável sobre muita coisa, lá fomos progredindo. Chegados ao abastecimento do k50, íamos na expectativa se teríamos algo diferente dos restantes abastecimentos para comer.

E aqui vai a principal crítica (1 de 2) que faço à organização. Se tiveram um trabalho de louvar a erguer uma prova destas numa zona totalmente destruída pelos incêndios, critico o facto de, após 50k a única coisa que disponibilizam diferente no abastecimento é uma taça de canja. Isto é polémico e já houve grandes discussões noutros locais por causa disto, mas porra… nem metade de um pão com qualquer coisa lá no meio??? Andamos há 7 ou 8 horas a meter laranja banana e batata frita misturada com água e isotónico, se calhar era bom ingerir algo mais solido, não??

A outra critica (2 de 2) é, a seguir a este abastecimento, meterem-nos a fazer 7km serra acima, com uma parede brutal a subir e a descer, para voltarmos… adivinhem: ao mesmo abastecimento pois!!! Para quê meus senhores??? Para colocar mais altimetria? Fazer uma prova de 70k em vez de 60? O chamado encher chouriço.

Depois desta 2ª passagem neste abastecimento, já de noite e com o tempo a arrefecer, iniciámos então o regresso a FZZ. Regresso feito nas calmas. O terreno ardido apresentava algumas armadilhas, com buracos e troncos queimados, e aqui já ninguém queria arriscar alguma lesão. A prova estava feita e era só terminá-la, e este regresso foi feito nas calmas, com muita subida e a trotear quando possível. 
Obrigado Mário e José pela companhia
13h02 depois de partir chegámos ao pavilhão, objectivo conseguido J prova terminada sem mazelas. A nível muscular senti-me sempre capaz - trabalho de ginásio a dar frutos - e no dia a seguir fui mesmo para a Serra da Arrábida limpar os pulmões com uma caminhada de cerca de 10k!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ultra Trail Costa Vicentina

Esta prova não estava nos planos, mas como ganhei um dorsal onde era possível escolher a distância que queria fazer, lá fui!!

Como podia escolher a distância, e como a prova não estava nos planos, o que iria afectar o planeamento familiar também, só fui depois de falar com a Ana Bela decidi mesmo ir, ou melhor, irmos todos; escolhi a prova de 26k que iria ser feita rapidamente, e o resto do dia ia ser passado em passeio num local que tanto adoramos.

E assim domingo cedinho lá se deu a alvorada aqui em casa. O meu receio era as 3 crianças não acordarem bem dispostas por ser tão cedo, mas felizmente acordaram contentes e tudo correu às mil maravilhas. Pouco antes das 8h saímos de casa e arrancámos em direcção ao Cercal com tempo. O levantamento dos dorsais era feito em Porto Covo, mas pedi à Maria José para me fazer esse favor e assim pude seguir directo para o local da partida.
E assim, depois de uma viagem tranquila em que as meninas aproveitaram para fechar os olhos e o Tomás foi sempre a fazer-me companhia a conversarmos sobre as estradas, os carros, os ninhos de cegonhas que se vêem na nacional e as vaquinhas, e o inevitável assunto, as árvores queimadas; interessante conversa durante a viagem com uma criança de 5 anos :) chegámos ao Cercal cerca das 9:20. 
Depois dos preparativos finais, hora de reunir a equipa OCS ProAventuras presente para a foto da praxe

Pouco faltava para as 10h quando nos dirigimos para a caixa de partida. Posicionei-me na zona da frente, e aguardei calmamente os último minutos antes de soar a buzina com a ordem de partida.

Sendo esta uma prova que se desenrola em estradões e sem dificuldade técnica, eram inúmeros os atletas de estrada presentes, pelo que o ritmo inicial foi logo muito rápido. 
Arranquei e não me entusiasmei a ir atrás de ninguém, e segui ao meu ritmo, ainda assim alto, mas o objectivo que trazia para a prova era mesmo esse: seguir num ritmo alto mas que me mantivesse confortável. Depois do fracasso que foi a Maratona de Lisboa queria ver em que estado estava! 

O percurso em si não tem grande história, é a rota vicentina e praticamente sempre estradão, sem dificuldade técnica alguma. A novidade nesta prova era a presença da Ana Bela e dos miúdos, que fizeram uma festa enorme quando passei de volta no Cercal já com 7k e sabe tão bem tê-los ali tão perto, e novamente ao chegar à Ilha do Pessegueiro os 4 à minha espera <3

E foi daqui até chegar a Porto Covo a maior dificuldade da prova e que, na minha opinião, era evitável: cerca de 3km pela praia e depois pelas falésias e onde era impossível correr. Depois de 22km a correr abaixo de 5'/km aqui o ritmo baixou imenso e "estragou" os tempos finais. Mais do que isso, penso que não acrescentou interesse ao percurso, porque tal como eu, havia mais atletas a reclamar e insatisfeitos com esta opção da organização.

Houve uma altura (enquanto não soube que acabaríamos pela praia!) que tinha a certeza que acabaria a prova com menos de 2h, o que seria brutalíssimo! Ainda assim, acabei com 2h05' o que é brutal na mesma. Admito que fiquei um pouco frustado por, apesar de ter feito uma boa prova, ter ficado apenas em 30º da Geral, mas contente por ter acabado muito bem; um mix de sentimentos!!

Em relação à organização / prova, houve certos pontos do percurso em que a marcação era insuficiente, e os abastecimentos ( eram 2 nos 26k mas não parei em nenhum ) ouvi dizer que eram bons para quem queria manter a linha. Como referi atrás, aquela parte da praia era evitável, e no final os banhos no pavilhão minucipal, numa prova com apoio de vários municípios, foi com água fria; por sorte apanhámos um dia de Verão em finais de Outubro!!

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Rock'n'Roll Maratona de Lisboa 2017

A vida é como um livro feito de capítulos, e em que no final de cada um há um ensinamento a aprender. Neste capítulo da maratona, e apesar de já não ser a 1ª, há várias coisas que tenho que retirar para não se repetirem no futuro...

Tal como no ano passado, andei quase até às últimas a decidir se ia ou não à maratona. Sensivelmente a um mês da prova, comprei um dorsal a uma pessoa que não poderia ir, e vendi-o um par de dias depois (pelo mesmo valor!!) porque soube que a minha empresa ia pagar a inscrição a quem quisesse ir :)

No referente à preparação, no último mês dediquei-me exclusivamente a preparar esta prova: deixei de ir pra serra, e substituí esses treinos por outros longos de estrada. Com o aproximar da data a confiança aumentava, estava a sentir-me bem nos treinos, e com isto estabeleci o objectivo de baixar o tempo do ano passado, das 3.35 para um tempo a rondar as 3.20 / 3.25. Para conseguir isso, a estratégia passava por juntar-me ao grupo da banedira das 3:30 até à zona de Algés e depois, se as pernas o permitissem, descolar para tentar então baixar o tempo.

No domingo, a rotina pré-prova correu sem sobressaltos. Fui com o amigo Gil Caldeira, companheiro de equipa do OCS PROAVENTURAS, deixámos o carro, tal como nos outros anos, na estação de Algés e lá apanhámos o comboio. Chegados a Cascais a caminhada até ao largo do Hipódromo, últimos preparativos e ir para a caixa de partida. Tudo OK e sem sobressantos, a confiança estava em altas!

Dada a partida, este anos 30 minutos mais cedo, arrancámos no meio da multidão inicial juntamente com o grupo das 3:30.

Depois dos metros iniciais o pelotão começou a esticar e a haver espaço, e deu para estabilizar ritmos. E esta é a grande questão e foi, a meu ver, o meu grande problema... Para fazer 3.30, o ritmo deveria ir a rondar os 5'/km; acontece que o pacer ia a colocar ritmos mais elevados entre os 4'40" e 4'50", apenas com alguns abrandamentos esporádicos...

Eu dei conta disto, olhei várias vezes para o relógio e pensei que íamos rápido...
É óbvio que a culpa não foi dele; a estratégia que eu tinha definido poderia (e deveria) tê-la mantido, e continuar eu a rolar a 5' só que... naquele momento, com a adrenalina da prova e a frescura ainda dos km iniciais, deixei-me ir...

Deixei-me ir, ora à frente do grupo ora atrás, devido às várias paragens que tive de fazer para aliviar a bexiga!! E assim foi, até por volta do k30, onde basicamente fez PUM!!
Comecei a ter mais dificuldade em correr, senti os gémeos como nunca os tinha sentido, mesmo em distâncias muito superiores. E a partir daí, resignei-me e vi-me obrigado a baixar o ritmo, e na zona de Algés houve um pedaço onde fui mesmo a alternar a corrida com caminhada. 

Nos kms finais, com o aproximar da meta ganhei algum ânimo e as forças parece que reapareceram, e voltei a correr.só parando quando cortei a meta!





Esta foi das 3, claramente a maratona onde sofri mais para acabar. Identifico alguns erros que cometi e não deveria até porque já não sou inexperiente nestas andanças... O descanso é fundamental, mas nas noites que antecederam a prova, em vez de me deitar cedo arranjava qualquer coisa para fazer e ir pro sofá; no dia anterior, que se requer de repouso, passei a manhã em Monsanto (aqui não me cansei, pelo contrário foi relaxante!) mas depois de sair de lá e um almoço no McDonald's, passei 1:30' na fila para levantar dorsal, em pé e sem hidratar; na prova em si, deixei-me levar pela adrenalina e fui a ritmos superiores áqueles que era suposto para fazer o tempo que ambicionava e para os quais estava preparado...

É com os erros que aprendemos, e vou tentar não esquecer esta experiência para não voltar a cometer os mesmos erros.

Quanto à organização da prova e a todas as críticas que já foram feitas, espera-se mais de uma organização com os anos de experiência como esta. O processo de levantamento de dorsais foi vergonhoso, com filas de horas e tudo apertado nos balcões, sem capacidade de dar resposta a tanta gente. A feira... bem é caso para perguntar: que feita??? Meia dúzia de stands num espaço apertado e meio escuro, enfim.... Eu não tive esse problema, mas não haver camisolas para toda a gente??? Inadmissível sr Móia!! Pelo menos, e no que à maratona diz respeito, não identifiquei falhas graves na organização: bastantes abastecimentos e sem faltar água, e o local da meta excelente; para mim tiraram o que mais detestava nesta prova, que era a junção com a meia-maratona.

Uma nota final para o público: em Cascais havia muita gente na rua, quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; ao longo da marginal havia algum público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; à chegada ao Cais do Sodré e até à meta, havia muito público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis. Há aqui um padrão, não há?? Os portugueses, com excepção daquele pessoal que corre e foi apoiar ou de quem tinha lá familiares/amigos, parece quase que estão num velório. Já que estavam ali, apoiassem quem para quem já vai em esforço ouvir um incentivo dá sempre um ânimo extra.