terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Trilhos do Javali

Finalmente participei numa prova dos Trilhos do Javali..
Na 1ª edição no ano passado estava de férias, na edição nocturna estava lesionado, pelo que foi como diz o ditado, à 3ª foi de vez!!!


Os trilhos eram bem conhecidos, treino lá bastantes vezes, mas o feedback das outras edições em relação à organização da prova, aguçavam a curiosidade e a vontade de participar nesta prova, a juntar ao facto de ser na Arrábida. Havia apenas uma questão que me fez adiar a inscrição até às últimas, que era o facto de o nascimento da Oriana estar previsto para esta altura. Mais dia menos dia, mais semana menos semana, havia algum risco de no dia da prova não poder ir, ou ter de me vir embora a meio, mas acabei por fazer a inscrição!!

Dia da prova, encontro marcado com o resto dos Madrugas que acabou por ser a meio do caminho, e seguimos em direcção ao covil. Quando chegámos o movimento já era muito, imensos carros estacionados e o trail junior já tinha começado. Fomos levantar os dorsais, processo que decorreu sem problemas, acabar de equipar e voltámos para a zona de partida, onde se começavam a juntar os atletas dos 25k.
Os Madruga Runners
Paulo, eu, André e o João "Kilian Jornet"!!
Depois de um briefing inicial, é dada a partida, controlada nos primeiros 400m.

No último mês e meio não treinei com a disciplina que se pedia, depois da última prova em Outubro desleixei-me um bocado. Uma dor que me apareceu no pé no final de Outubro durante um treino espectacular nocturno pela Arrábida também ajudou ao abrandamento dos treinos (uma ressonância magnética detectou Bursites...); ainda assim, e conhecendo bem os trilhos por onde íamos andar, e porque em prova nunca consigo ir em "ritmo de treino", logo após a partida tentei impor-me um ritmo que não sendo elevado, fosse um ritmo constante e que conseguisse aguentar até ao final. 

Outro factor que me estava a entusiasmar para esta prova, era o facto de ser a 1ª prova dos novos Salomon S-Lab Wings 8, ainda com menos de 1 mês e que tinham nem meia dúzia de treinos feitos para habituação. 


Desde os fáceis trilhos da Mata da Machada até à serra da Arrábida cheia de lama, as sensações transmitidas pelos ténis tinham sido bastante positivas. Aderência espectacular nos trilhos mais técnicos e enlameados, estabilidade, conforto e, importante agora no inverno, drenagem rápida da água. Nota-se que estamos com um modelo topo gama, ou não se tratasse de uns ténis da linha S-Lab, com uma qualidade de construção assinalável. Se juntarmos aos ténis as meias Lurbel Desafio, ficamos com um conjunto espectacular para os trilhos mais exigentes. 
Estou completamente rendido a estes ténis, e era, como referia acima, outro factor causador de entusiasmo. Queria testá-los em prova, onde há sempre uma pressão adicional para entrar mais rápido, para arriscar mais. 
Com o ritmo que impus, não sendo elevado, permitiu passar muitos atletas e fugir a potenciais engarrafamentos nos trilhos mais apertados. Nas subidas, algumas delas durinhas, tentei caminhar apenas só em último caso, e correr sempre que fosse a direito e "entrar a matar" nas descidas. Se nos treinos que tinha feito ainda não tinha dado para ganhar a confiança necessária nos ténis, aqui rapidamente passei essa fase, e conhecendo os trilhos, entrei nas descidas sempre a correr rápido. E senti os ténis a transmitirem a segurança que se pede, e a pedirem para dar mais.

Foi com estas boas sensações que fui fazendo a minha prova, em que passei pelo 1º abastecimento sem parar, e no 2º apenas aproveitei para encher um flask.


Terminei com o tempo total de 3h00, que era o tempo +/- que esperava fazer; esperar menos que isso era ter as expectativas demasiado elevadas. 
A chegar à meta

Na fila para a massagem, e a ver se os outros Madrugas chegavam!!!
3/4 da equipa!!
Quanto à organização, apenas 1 reparo num par de locais onde as marcações poderiam estar melhor, com as fitas mais visíveis ou marcações no chão. De resto, uma prova onde juntam todos os trilhos excelentes existentes naquela zona, e quando feito por quem sabe, o resultado só podia ser este: uma prova de excelência.


E para quem ainda não teve oportunidade de participar nesta prova, dia 4 de Março há a II edição dos Trilhos do Javali Nocturno


terça-feira, 22 de novembro de 2016

II Trail Quinta do Pinhão



4ª e última etapa das 4 semanas non stop!

No ano passado participei no I Trail da Quita do Pinhão, e disse para mim que, apesar de ser aqui ao pé de casa, este ano não iria participar. Mas... há sempre um mas...! apesar de não estar muito interessado em participar, ser na semana seguinte ao Duratrail, depois da Maratona de Lisboa e do Grande Trail Serra D'Arga, ofereceram-me um dorsal!! E se era dado, não podia rejeitar, e como era perto, e das 4 provas era a mais pequena e dava para fazer nas calmas, sem desníveis... bem, a verdade é que arranjei uma data de razões para participar. No entanto, na 5ª feira antes da prova, não sei como, sofri uma contractura muscular no gémeo esquerdo, o que me fez andar com dores e ter de recorrer ao David na 6ª, que já me tinha tratado a tendinite que sofri no início do ano. Remedio santo, problema resolvido!!

E assim no dia 16 lá me dirigi para a Quinta do Pinhão, onde cheguei apenas 10 minutos antes da partida. Aquecimento feito a caminho da zona de partida, e lá me posicionei, ali pelo 1º terço do pelotão, a aguardar pela partida. Não ia com grandes objectivos definidos, apenas ir a gerir a prova, rolar num ritmo a rondar os 5'/km o que daria para fazer os 18k em 1h30'. E assim arranquei, a segurar-me para não entrar em loucuras na recta logo a seguir à partida.


A prova decorreu toda na mata de Belverde, onde o desnível é mínimo; nos 18k deu pouco mais de 100DA. As marcações também estavam impecáveis, e os abastecimentos pareceram-me ter o essencial para uma prova desta distância; pareceram, porque não parei, levava um soft flask comigo e chegou, apenas comi alguma coisa no abastecimento final. 
De resto, a prova correu sem grande história. 
Um corta-mato denominado de Trail, propício a ritmos elevados e para o pessoal da estrada deixar o alcatrão por uns momentos. Sinal disso, eram os muitos atletas com ténis de estrada, muitos deles caras conhecidas do troféu do Seixal.

Na recta final, nos últimos 700m olho para o relógio e verifico que o objectivo de terminar com 1h30' será atingido, pelo que acelero um pouco para terminar antes de chegar ao minuto 30. Consegui, acabei com 1h29'51'' e no 27º lugar da geral!!!

O ciclo das 4 provas tinha sido concluído. A que correu pior foi aquela que mais ansiava fazer, mas é mesmo assim, há dias menos bons e aquele 25 de Setembro foi um desses. Em 2017 há Serra D'Arga novamente, e quem sabe não volto para a desforra ;)

sábado, 22 de outubro de 2016

IV DuraTrail 2016



No ano passado queria ter participado nesta prova. Custou-me imenso não ir, uma prova na Arrábida, mas era apenas a 15 dias do grande objectivo do ano, a Maratona de Lisboa e não quis arriscar uma lesão que iria deitar tudo por terra.

Este ano, decidi que tinha de ir, mas havia um problema: era na semana a seguir à Maratona de Lisboa, 2 semanas apenas depois do Grande Trail Serra D'Arga....
Inscrevi-me para os 28k, mas até aos últimos dias andou sempre no pensamento ir fazer os 53k. Ganhou o bom senso.. Sei que os conseguiria fazer, mas depois das provas das 2 últimas semanas, não iria desfrutar da melhor maneira da Arrábida.

Dia da prova, cedo, lá vão os 3 madrugas, eu, o João "KJ" Carapinha e o Paulo Sousa :)
Levantamento de dorsais sem problemas, volta ao carro para acabar de equipar e toca de ir para a caixa de partida que a hora aproxima-se.

Tinha decidido fazer a prova com cabeça, MESMO!! Não me podia entusiasmar! Conhecia praticamente todos os trilhos por onde íamos passar, conhecia as grandes subidas que iríamos enfrentar, e sabia que se abusasse ao início ia sofrer desnecessariamente para o final.
Dada a partida simbólica, lá fomos em pelotão até à partida real, junto à Av Luísa Todi. Saí do PUA no último quarto do pelotão, mas consegui posicionar-me mais à frente para a partida que interessava.

Partida real dada, e arranquei calmo. Já se sabe que o 1º km é sempre rápido, mas rapidamente acalmei e segui ao meu ritmo. A táctica passava por ir a trote sempre que possível nas subidas, e foi isso que fiz logo aos 700m, na subida que nos levava para perto do forte de São Filipe. Entrada nos trilhos, e tive de me aguentar um pouco atrás de um grupo de atletas, que passei assim que me foi possível. Ia em trilhos que conheço bem, por isso sabia que logo à frente havia uma subida curta, mas com alguma inclinação, e depois do Moinho dos Campistas, um trilho a descer em que não queria apanhar atletas à minha frente. E assim foi, conhecendo bem o que tinha pela frente, fui passando atletas e divertindo-me bastante pelos fantásticos trilhos.

Ia tudo a correr maravilhosamente, quando ao quilómetro 9, um percurso que até então estava marcado de forma excelente, e no restante também não deixa queixas, tem ali uma falha enorme, que na minha opinião não pode acontecer: numa descida grande, em que vamos concentrados em descer rápido sem nos esbadalharmos por ali abaixo, sensivelmente a meio, tínhamos de virar à direita. Havia fitas no caminho à direita, mas não havia nada nem ninguém a bloquear o caminho em frente. Ia com outro atleta, e apenas dei conta que tínhamos de virar para a direita porque olhei ligeiramente para o lado.
Era para virar à direita, e não seguir em frente

Comentámos que muitos atletas ali iriam seguir em frente, e seria chato terem de voltar atrás e subir aquilo tudo.Pois, mas o que aconteceu foi que quem seguiu em frente, continuou, e quando chegámos ao abastecimento que era logo à frente, nós que até iríamos bem classificados e não com muitos atletas à nossa frente, encontrámos uma enorme multidão de volta das mesas, sem contar com os que, segundo o João da minha equipa, já teriam seguido ou nem parado no abastecimento.
Fiquei fulo, bastante. Mal lhe respondi, bebi um copo de água e segui.
Logo a seguir ao abastecimento havia talvez a pior subida da prova, a Durassaurus, mas da forma como ia chateado entrei na subida a correr, e segui a trote quase até ao fim. 

Rapidamente e bem cheguei ao 2º abastecimento, que foi onde me demorei mais. Comi, bebi e molhei a cabeça com água fresquinha, e segui. 
Ia com boas sensações, na serra que adoro, trilhos que conheço bem, a divertir-me bastante. 

Estava a cumprir com o planeado, com uma gestão de ritmo irrepreensível, e num salto estava na toca dos javalis, e dali à meta era sempre a descer :)

Apesar de ter feito 2 provas grandes nas semanas anteriores, senti-me sempre bem, sem nunca notar demasiado o cansaço, e com grande satisfação cumpri mais esta meta.

3h18', não sendo um tempo excepcional, considero que foi um bom tempo, o que valeu na classificação final um 56º lugar da geral.
Organização excepcional que, infelizmente, ficou manchada com aquele episódio. Felizmente sei que vão fazer os possíveis para que não se volte a repetir, pelo que para o ano lá estarei novamente, na Ultra!

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Rock'n'Roll Maratona de Lisboa 2016

Cada vez gosto mais de Trail, mas terminar a prova rainha é uma sensação indescritível.

Ao contrário da participação na maratona do ano passado, a minha 1ª, este ano não há tanto para contar!
Até ao último dia de inscrições estava na dúvida se ia fazer a maratona ou não. Uma semana antes ia fazer os 53k do Grande Trail Serra D'Arga, pelo que corria o risco de não estar nas melhores condições para esta prova. Ainda assim, inscrevi-me!! 
No ano passado fiz a maratona, a 1ª, e adorei. Cortar aquela meta é uma sensação brutal, e este ano não resisti ao chamamento!

A semana anterior à prova foi essencialmente de recuperação. 3k lentos na segunda-feira, e 4 na sexta. No domingo foi sem qualquer pressão que me dirigi para Cascais. O plano era gerir dentro do possível, e chegar ao fim.

Tal como no ano passado, o carro ficou em Algés, e segui de comboio para Cascais. Lá chegado, dirigir para a zona da partida e tratar da logística: wc, equipar, levar o saco para o camião, aquecer e ir para a caixa de partida.

Tal como no ano passado, tinha como companheiro de maratona o Nuno Oiveira: para o ano vamos à terceira?!

Após uns minutos de espera, dá-se a tão aguardada partida. Este ano pareceu estar mais gente, e por isso uma partida mais lenta e confusa. Feito o primeiro km, o pelotão começa a alargar e a haver aos poucos mais espaço para correr. Vamos os dois juntos e a controlar mutuamente o ritmo: quando um se entusiasma, o outro mete travão!!

Por volta do km13 tenho de fazer uma pequena paragem para aliviar a bexiga, e perco o grupo onde íamos, junto do balão das 3h30'. Depois de voltar a tentação era acelerar para os poder apanhar, mas isso poderia ter repercussões negativas mais à frente, pelo que segui no meu ritmo sozinho.
Ao chegar à zona de Belém voltei a apanhá-los, o Nuno diz que vai com uma ligeira dor, e para eu seguir, e assim fiz. Ia a sentir-me bastante bem, e talvez tenha exagerado no ritmo nesta parte, mas o corpo e a adrenalina estavam a pedir, e eu deixei-me ir. E assim segui até cerca do km28, onde, seguindo o plano que havia traçado, devia comer uma barra que levava comigo. Abrandei, e a certo ponto fui a caminhar, para poder comer e beber. Lembro-me bem do ano passado que custou-me bastante a fazer aqueles km a seguir a Santa Apolónia, por isso este ano queria ter energia para passar essa zona sem o mesmo custo.
Voltei a correr, não tão rápido como antes, mas num ritmo mais calmo agora; as pernas já começavam a acusar o cansaço acumulado.
Passei Santa Apolónia, e o encontro com os atletas da meia-maratona... esta é a parte que mais desgosto nesta prova. Aqui vamos já com 33/34 quilómetros, muito mais lentos que os atletas da meia, e somos completamente engolidos pelo pelotão.

Prossegui ao meu ritmo calmo e cheguei finalmente à zona do Parque das Nações.
Assim que entro na Av D João II, com o apoio do público dos 2 lados, esqueci o cansaço, a meta era já ali à frente e acelerei por ali fora!!


Corto a meta com o tempo de 3h38'. Uma semana depois de fazer 58k na Serra D'Arga, consegui fazer a maratona de Lisboa, terminar em melhores condições e retirar cerca de 20' ao tempo do ano passado!!





terça-feira, 4 de outubro de 2016

Grande Trail Serra D'Arga

A propósito de um post que fiz no Facebook, dizia o meu primo Henrique: "Estás em casa." 
E era verdade, estava em casa.
O Grande Trail da Serra D’Arga não era apenas uma prova organizada pelo Carlos Sá, mas sim um regresso às origens. A minha avó materna é de um concelho vizinho, e a minha Mãe também. Esta não era apenas mais uma prova de superação, mas sim uma prova com uma enorme carga emocional. Enquanto percorria os trilhos da serra, não tao bela como outrora devido ao flagelo dos incêndios, passava pelo meio das aldeias com o seu cheiro característico, sentia o cheiro dos animais, as ruas empedradas estreitas e com a marca da passagem do gado, os pequenos muros a demarcar os terrenos, tudo isto me transportava para os meus tempos de menino, em que no Verão, no Natal ou na Pascoa íamos passar as ferias, como dizia na altura, ao Minho. Alturas houveram em que me revia a caminhar por ali com os meus pais, a saltitar de pedra em pedra, enquanto íamos a caminho da casa de algum familiar. Lembro-me que na altura não gostava do chão estar tão sujo, desta vez adorei reviver essa memoria.
As ruas que percorria em menino não eram aquelas de Dem, de Arga de São João ou da Montaria, mas eram iguais, numa aldeia ali ao lado…


São 6:50 da manhã, tenho tudo arrumado e sento-me a comer o pequeno-almoço a que estou habituado: umas sandes mistas (2 porque o pão era pequenino e um sumo natural).  E aqui tenho o 1º sinal que as coisas poderiam não vir a correr como eu esperava; o pequeno-almoço não me caiu bem, comi a custo uma sandes, e a outra nem lhe toquei… tentei ignorar, e seguimos para Dem.
Viagem rápida, e aqui respira-se trail por todo o lado. O tempo está encoberto, à nossa frente a serra que havemos de seguir logo ao início. 


Dirijo-me para a zona de partida, com passagem rápida pelo controle zero. Cumprimento umas caras conhecidas, e ouvimos o sino a dar as badaladas. Tenho ainda um historial de grandes corridas pequeno e esta será a mais mítica de todas em que participei. A atmosfera é brutal, o nervoso miudinho apodera-se e arrancamos. Ao passar o pórtico ligo o cronómetro. Começou o tão aguardado Grande Trail Serra D’Arga!!


A prova começa com a já conhecida volta a Dem, para esticar o pelotão, e dai segue para a serra. Tento não me entusiasmar e gerir o ritmo, pois a prova é longa. Correr a descer e a direito, trote sempre que possível a subir, e quando não conseguir ir a caminhar mas tentar manter um ritmo constante. 
Ao km4
Consigo ir a seguir o planeado e a prova vai a correr muito bem. Á passagem da 1ª hora tomo um gel, no 1º abastecimento bebo um copo de água para poupar a que levo, e sigo.


Vou-me a sentir bem até chegar ao abastecimento no km21. Tentei comer banana, laranja ou batatas fritas, mas não me sabia bem. Bebi um pouco de isotónico e segui, mas a pensar nesta questão, a juntar ao pequeno-almoço e que me abalou a confiança.
Daqui para a frente, e até chegar ao Alto da Srª do Minho, fui a muito custo. 
A última foto que tirei com a GoPro. Os cavalos soltos na serra
A maior parte do tempo a caminhar, com ataques de tosse e vómito. A certa altura passou-me pela cabeça desistir logo ali, ou seguir no máximo até aos 33, onde seria classificado nessa distância. Ao chegar ao alto, bebi água fresca de umas torneiras que lá havia, e descansei um pouco. 
Era esta a minha cara de ânimo ao chegar à Srª do Minho

Não muito, mas o suficiente. Falar com o meu Pai e a Lena que estavam lá à minha espera devolveu-me algum ânimo. Deixei-lhes a GoPro, já não a ia a usar e só me pesava! Disse-lhes que ia seguir pelo menos até à Montaria, que ia avaliar como me sentia até lá e decidiria se ficava por ali ou continuava. Esta era a parte racional a falar, porque a outra, a irracional e mais competitiva, já tinha decidido que ia até ao fim! Estava ali, a cumprir um desejo, e não ia deitar a toalha ao chão tão facilmente!
Saído do alto, voltei a conseguir correr no planalto que se segue, e depois na descida para a Montaria. Apesar de técnica, ser preciso andar a saltar de pedra em pedra e a massacrar mais as pernas, gosto bastante destas descidas, e voltei a ganhar alguma força amímica nesta descida.
Cheguei à Montaria, e encostei à esquerda no abastecimento. A meta dos 33k era mesmo ali, tentador ainda! Aqui encontro o Joel Ginga e pergunto como ele está, digo que vou descansar um bocado e que depois sigo. Ele arranca, porque amigo não empata amigo e há que aproveitar o momento.
Não consegui mais uma vez comer nada, sentei-me no chão durante uns 5’. Tinha perdido imenso tempo desde o último abastecimento, cheguei ali com 4h53’ e decidido a recuperar de alguma forma forças para seguir. Ponderei, alonguei, e ao fazer 5h de prova, levantei-me e dirigi-me para o lado direito da passadeira vermelha, para prosseguir a prova.
Ainda caminhei durante uns metros, e depois comecei a correr. Primeiro devagar, um trote lento, e depois fui aumentando o ritmo.
A sentir alguma fraqueza porque há muitas horas que não conseguia comer nada de jeito, cheguei ao abastecimento seguinte. Aí voltei a encontrar o Joel, comentei que não conseguia comer nada, e ele sugere para pelo menos tentar a melancia. Assim fiz, e que bem que soube! Comi uns bocados de melancia e seguimos juntos. Dentro do possível íamos correndo, até porque estávamos agora na zona junto ao rio e era uma zona mais técnica, e já não estando bem, era mais complicado correr.

Fazia em muito lembrar a 1ª prova que fiz este ano, o Trail Centro Vicentino da Serra em Portalegre, e onde me lesionei, por isso foi com algum cuidado redobrado que transpus alguns obstáculos. Sempre a subir, chegámos ao último abastecimento. Já ia novamente a sentir fraqueza, nalgumas partes em piloto automático e a seguir o Joel, que ia sempre a dizer que devia comer algo com açúcar. Pois, os géis até iam na mochila, mas só de pensar nisso….
Aqui consegui finalmente comer. Bebi um copo de Coca-Cola, que penso que ajudou bastante, comi banana, laranja, batatas fritas, e chocolate, muito chocolate!! Fomos ainda informados que a prova não seriam apenas 53k, mas sim 53 + 3 ou 4. OK, siga!!

Ainda subimos mais um bocado até às eólicas, onde já sentia bastante frio. Ainda pensei vestir o casaco, mas não adiantava porque íamos começar a descer e ficar protegidos pela encosta.
E começámos a descer, aquilo que penso que foi uma estrada romana. E ia a sentir-me bem. E a descida era tal como eu gosto, e fui!! Fui por ali abaixo a correr, abrandando só no final. Aí voltei a ser apanhado pelo Joel, mas ele só dizia: “o motor voltou a trabalhar, não pares!!”. E Dem já se via ali ao fundo, o motor continuava a trabalhar, e eu fui novamente! Obrigado Joel pelo apoio, foi importantíssimo.
Num instante cheguei à aldeia, e estava a virar à esquerda para meta. As dores e a fraqueza desapareceram! Ao chegar à passadeira vermelha, vejo o meu Pai e a Lena. Estão também contentes, e o meu Pai segue a correr comigo a cortar a meta!!
Estava feito, não tão bem como tinha planeado, mas o principal objectivo estava cumprido.


Um trail por variadas razoes especial, numa região especial. Não consegui ainda perceber o que se passou, já várias pessoas me disseram que pode ter sido dos nervos, de todas as emoções sentidas no fim-de-semana. Talvez, não sei….

Esta foi sem dúvida a melhor prova em que participei. Desde o levantamento dos dorsais em Caminha, à partida em Dem, marcações do percurso que nunca deram margem para duvidas, abastecimentos e simpatia dos voluntários. TOP. É claramente uma prova a repetir, e esperar que dessa vez consiga gerir melhor tudo.



sexta-feira, 29 de julho de 2016

VII Trail do Almonda

Ultimamente não tenho andado mito inspirado para escrever, daí só agora publicar o report desta prova.


Já tinha ouvido falar do Trail do Almonda como sendo uma prova rolante, sem grandes dificuldades técnicas, e de facto foi isso que se verificou. Não sei quais eram as diferenças a nível de percurso para os anos anteriores, mas este ano a prova era recheada de estradões, largos e corríveis apesar de muita pedra solta, e alguns single tracks, alguns técnicos, e outros em que era impossível correr devido à vegetação e silvas que dificultavam a progressão.

A prova não me correu nem bem, nem mal, antes pelo contrário, como disse em tempos o bem-humorado jornalista Gabriel Alves acerca de um jogo da selecção de futebol.
Esta prova inseria-se na minha planificação de preparação para o meu grande objectivo do ano, o Grande Trail Serra D'Arga. A ideia era meter km, fazer o melhor tempo possível, mas acima de tudo, não sofrer nenhuma lesão que pudesse, pela 2ª vez este ano, colocar em causa os objectivos do ano.

No dia anterior deitei-me cedo, não queria que se voltasse a repetir um episódio como quando foi o VI Ultra Sesimbra
4.30 da manhã toca o despertador, e levanto-me. Acho que já estava acordado antes do alarme tocar. Tomar banho, vestir e tomar pequeno-almoço, tudo previamente preparado no dia anterior, e saio de casa com tempo para ir buscar o outro Madruga que me ia acompanhar nesta aventura. Arrancamos em direcção a Pedrogão, e é sem sobressaltos que lá chegamos, cerca de hora e meia depois de sairmos da Margem Sul.

Procurámos o secretariado para levantar os dorsais, e tudo decorreu rapidamente e sem qualquer problema. Acabar de aprontar junto ao carro, fazer o aquecimento e esperar na zona de partida pela hora.

É altura de últimas afinações, reavivar a estratégia para a corrida, e é dado o tiro de partida. 


Aqui reside uma das situações que tenho de controlar melhor nas provas: arranco quase sempre muito rápido, e sabendo que demoro os 1ºs quilometros para estabilizar a respiração, estes arranques em sprint só aumentam as dificuldades... 



Contudo, depressa tomei noção da realidade, e passado um km abrandei o ritmo, para o meu ritmo, e deixei o grupo da frente seguir na sua vidinha!! Ainda assim, seguia bem, a boa velocidade, até que por volta do km5, na 1ª descida técnica da prova, apanhei um susto, com um tropeção que dei numa pedra e que me fez ir com as mãos ao chão, esfolando um bocado a mão direita. Aqui soou o alarme, e decidi que tinha de ir mais devagar, O objectivo para esta prova era meter km e desnível nas pernas, e não queria arriscar uma qualquer lesão que me fizesse voltar a parar. Também o calor que se começava a fazer sentir cada vez mais, a escassez de sombra e o episódio em Sesimbra, em que abafei completamente com o calor, fizeram soar o alarme, e dessa forma passei a fazer uma prova mais resguardada.

Também ia ouvindo por vários atletas que até cerca do k22 ia ser sempre a subir, o que se verificou, o que era mais uma razão para não abusar. E assim fui seguindo, sem dificuldades de maior, até à grande subida, uma parede autêntica que nos levava Às antenas. Aí admito que suspirei bastantes vezes e tratei mal a organização por não colocarem uma escada rolante....

Depois de atingido o topo, veio a parte mais divertida da prova, em que inicialmente por um estradão, mas depois por um trilho empedrado iamos descendo serra abaixo. Foi o segmento onde mais desfrutei da corrida e da paisagem, até chegar ao abastecimento do k24 ou 25, onde indicam que é para continuar a descer, mas afinal ao virar da curva o que estava era mais uma subidinha. E um trilho, apertado pela vegetação, que tal como noutros a organização não mostrou um pouco de trabalho a limpar os trilhos, e de onde saímos todos arranhados - braços e pernas - e mal dava para ver o chão onde colocar os pés. Esta foi, para mim, a maior falha da organização, pois vários foram os trilhos em que era impossível correr e mal se via onde colocar os pés. Daquilo que ouvi doutros atletas, o percurso também estaria pior que nos anos passados, mais estradões secantes, sem sombra e cheios de pedra solta.. Se eram piores não sei, mas a verdade é que o percurso apresentou poucos trilhos interessantes.

Depois deste segmento em que não se conseguia correr, entrou-se num que se chamava algo como "Sauna do Javali", e onde dava para voltar a correr, e com alguma sombra!! Mais a frente, aparece um jovem da organização, que me informa que agora no estradão onde me encontro, faltam uns 2 ou 3 km e é sempre a descer. Bem, não sei se os conceitos do descer são trocados em Pedrogão, porque logo a seguir há uma curva apertada para a direita - aqui poderia estar alguém da organização a indicar, porque sei que houve vários atletas que seguiram em frente enganados - e voltam as subidas. Aqui, mais que a dificuldade física, é a parte psicológica que sofre, pois após alguém da organização indicar que faltam 2k sempre a descer, já não ia de todo a contar com mais subidas. A correr devagar, ou a caminhar, lá se fez, e admito que com alívio cheguei à meta.

Acabei com 4:02:53, algo superior àquele que tinha imaginado fazer, mas contrariamente a outras provas, não fiquei nada desiludido com a minha prestação. Acima de tudo, cumpri os objectivos que tinha estabelecido, acabar bem e sem lesões.


Em relação à organização, quero realçar a simpatia e atenção demonstrados por todos os elementos, mas destacar também, como já referi, várias falhas ao nível do percurso. Não se notou em nenhum trilho que tivesse havido limpeza dos mesmos, e vários foram em que tivemos de passar pelo meio de tojos altos, porque o trilho era ali, as marcações estavam de facto lá; também o excesso de estradões e sem sombra alguma, para uma prova realizada em Julho, deveria merecer uma atenção extra; decisão acertadíssima terem antecipado a hora de partida para as 8, mas essa já deveria ser a hora inicialmente estabelecida.




sexta-feira, 15 de julho de 2016

III Seixal Night Run - A prova quase perfeita


"O 1º km foi feito num ritmo altíssimo, 3:40/km, e o 2º a 3:55/km. Era a loucura,"



A Seixal Night Run foi praticamente há 2 semanas, mas tenho andado com uma preguiça enorme para escrever.

Pelo 3º ano consecutivo realizou-se esta corrida junto à bela baía do Seixal, e pelo 3º ano participei, nesta corrida pela qual tenho um carinho especial, pois foi a minha 1ª prova.
Este ano com o centro do evento noutro local, mais amplo, espaçoso, bonito, junto ao Cacilheiro, uma excelente alteração por parte da organização.
Era aqui que se localizava a prova este ano

Os dorsais eram levantados nos dias anteriores, pelo que no dia do evento não havia filas para o levantamento dos mesmos.

Chegamos cedo, por volta das 21h, estacionamos e fomos para junto da partida, onde ainda estava a decorrer a Kids Night Run.
Pelas 21.30 iniciava-se a caminhada, de 6km pela marginal, onde a Bela, os miúdos, e os cunhados Hélder, Lurdes e os nossos sobrinhos iam participar. Acompanhei-os durante um bocado, e depois eu, a Bela e os miúdos ficámos à espera que voltassem, pois a caminhada ainda era longa para os pequenitos.

Por volta das 22:10 comecei a fazer o meu aquecimento, nas calmas, e dirigi-me para o local da partida. Aguardei calmamente pelo sinal de partida, aproveitando para conversar com pessoal conhecido. Dá gosto ver o crescimento que esta prova está a ter, e a própria envolvência da população, com muita gente a assistir e a apoiar.

Sensivelmente pelas 22:30 soou a partida, e arranquei. O 1º km foi feito num ritmo altíssimo, 3:40/km, e o 2º a 3:55/km. Era a loucura, ia junto ao grupo da frente, mas ao entrar na zona velha do Seixal começa a dar-me dor de burro. Abrandei um pouco, o que deu num 3º km a 4:17/km.
Abrandei e fui apanhado pelo pelotão!

 Depois de acalmar a respiração e a dor abrandar, aumentei novamente o ritmo, o que fez os próximos km a 4:09, 4;10 e 4:06. Sentia-me bem, e apenas no 7º km senti necessidade de abrandar um pouco, o que deu 4:23/km. No seguinte e último voltei a acelerar e acabei a prova com 33:19, com um ritmo médio de 4:07/km.

Chamei-a depois, quando partilhei a corrida no Strava, de “A prova quase perfeita.”. E era de facto, não fosse a dor de burro que senti durante um bocado. Fiquei surpreso pelo ritmo alto que consegui meter praticamente durante toda a prova, o que mostra que começam a aparecer resultados de acordar às 5:20 da manhã, e que a melhor forma estará à vista.


Por alguma razão que desconheço o meu nome não aparece na classificação. Tentei por várias vias contactar a organização, mas nunca obtive qualquer resposta. De qualquer forma, o que para mim interessa é o desempenho que tive, e olhando para a classificação, sei que fiquei nos 30 primeiros, pois acabei lado a lado com a Amélia Costa, que aparece em 28º. É de lamentar, pelo menos uma resposta, uma explicação deviam dar…
A terminar.
CCR Alto do Moinho em grande!