segunda-feira, 2 de maio de 2022

MIUT - Madeira Island Ultra Trail 85k

Há muito sonhado, e demasiado adiado.


Finalmente fui ao MIUT, e pude verificar que esta é sem dúvida a prova rainha do trail em Portugal, está 1 nível acima em tudo: em organização, em beleza, em dureza...

Fui aos 85, "só" aos 85 e chegou para ficar completamente enamorado pela prova.





À hora marcada foi dada a partida em São Vicente ao som de "Highway to hell" dos ACDC, uma música que faz jus ao que nos esperava, embora estivéssemos num autêntico paraíso. Arranquei calmo, a não me entusiasmar até porque nem dá para isso já que pouco depois da partida apanha-se logo uma subidinha daquelas que faz transpirar!! 

O 1º segmento até à Ribeira Grande é bastante fácil, mas de tão descontraído que ia apanhei um susto, quando coloquei um pouco mal o pé e senti de imediato uma dor bastante aguda.. parei imediatamente e depois de respirar fundo segui mas um bocado coxo e com dificuldades em equilibrar na estreita levada em que entrámos de seguida...

Lá me recompus, e passei no abastecimento onde não demorei tempo nenhum, para entrar de imediato na 1ª grande subida da prova com os tradicionais degraus, que nos iriam levar até à Encumeada. O plano era colocar um ritmo constante, mas ficou só mesmo por isso, pela ideia!! porque com tanta gente era impossível ir ao ritmo que queria, bem como ultrapassar. É o que é... siga!!


Abastecimento da Encumeada, mal entro encosto logo para tirar a camisola de mangas que levava por baixo da tshirt, já ia cheio de calor. Depois de tratada esta parte, inicio o reabastecimento dos flasks, comer qualquer coisa e tomar um café. Encontrei o João Fonseca que estava nos 115km, super bem disposto e trocámos umas palavras. Estou despachado e sigo. Cerca de 15km separam-me do Curral das Freiras, e é aqui onde se situa uma das partes para a qual mais me alertaram: a descida pro Curral. 

Desço um bocado e dou início à famosa subida do pipeline. Liga-me a Cidália, que está desde casa a acompanhar ao minuto a minha prova e do Paulo Sousa que está nos 115. Pergunta-me se vou bem, porque passei no controlo da Encumeada em 2º lugar a apenas 19 segundos do 1º classificado!! WHATTTTTTTT???????????? lol Opá eu vou bem, mas não exageremos !!!!!

A prova!! Passei em 2º da Geral 😂


Conquistada esta subida, sabia que agora era um bocado que dava para rolar - vantagem de ter lido e relido todos os relatos das 6 passagens pelo MIUT do Filipe Torres!! E se dá para rolar, então vamos a isso!! Vou a correr e no rosto levo um sorriso "`à la Courtney Dawalter"!! Vou a sentir-me bem, em perfeita harmonia com o trilho. O Richard liga-me para saber como estou, e a melhor forma de lhe dizer foi que me sentia uma criança num imenso parque de diversões. Era tal e qual como me sentia.


E com isto chego ao início da tal descida para o Curral.. Aqui redobro a atenção, o meu pé ainda não está em condições. Nas zonas piores vou com muita calma, mas faço o resto da descida a curtir!!

Se a descida foi fixe, chegado lá abaixo aqueles km em alcatrão até ao abastecimento foram uma tremenda seca....

Finalmente alcanço o abastecimento. Descanso um bocado, aproveito para comer que já vou com fome, queria Coca-Cola mas só têm Pepsi... bahhhhhh 

Aqui encho os 2 flasks que já trazia, e outro extra por causa da brutal subida que temos pela frente, até ao Pico Ruivo!

Saio do abastecimento confiante, e mantenho ritmo sem abusar. Dou início à subida onde tento manter uma cadência constante e assim consigo ir. Consegui ir.... até fazer PUMMMMM. Pouco depois das Torrinhas, comecei a sentir as forças a fugir, devem ter ficado algures a meio da subida. Os metros começaram a demorar mais a passar, cada passo custava o dobro a dar. Oh porra... até vinha tão bem, tinha de rebentar.. Depois de olhar pro relógio milhentas vezes a ver quanto faltava para o abastecimento, sento-me numa pedra. Pronto.. fiquei sem energia, estou KO, vou ficar aqui até ter energia novamente. Só que nesse preciso momento toca o telefone, é a Ana Bela e os miúdos a saber como estou, e depois de umas palavras animadoras e reconfortante, lá me levanto e faço-me ao caminho, afinal de contas a casa do Pico Ruivo já está ali tão perto.....

Entro, está um ambiente acolhedor, quentinho! De um lado estão uns atletas a descansar, parecem estar a dormir!! Do outro sentados, a comer, recostados a descansar também. Há 2 ou 3 que já por ali ficam... Dirijo-me às simpáticas senhoras que lá estão, e peço um chá. Faço umas sandes de pão com marmelada, e arranjo um espacinho para me sentar. Depois daquela sandes foi outra, e mais outra, e mais outra. Batatas fritas, banana e laranja. Mas o que me soube melhor foi mesmo o chá, reconfortou o estômago e a alma! Saio cá para fora, está um frio brutal. Aperto o impermeável, coloco as luvas e arranco que não sou dali. 

Este bocado entre os picos já conheço, fiz em setembro quando estive de férias na ilha. Este bocado é fantástico, de uma imponência e belezas impressionantes. 






Logo a seguir às escadas metálicas páro. Já me afastei do Pico Ruivo, já vou com calor, tenho de tirar o impermeável. Sigo mais confortável, no meio de um comboio de franceses. Por falar nisso, nesta prova parece que estamos em França, estão em maior número que os portugueses. Em cada 10, uns 7 são gauleses. Allezz allezz, chegamos ao Areeiro, apanhei melhor tempo que em Setembro o que permitiu desfrutar daquelas vistas maravilhosas. 

Foto do Aurélio David, espectacular


Até ao Chão da Lagoa é um tiro, bom para correr. Entro no abastecimento, já vou com fomeca!! Vou buscar uma taça de arroz com carne picada, e sento-me a comer. Não muito longe estava um aquecedor, mas que bem se estava ali. À falta de Coca-Cola, acabei com meia garrafa de Pepsi - quem não tem cão caça com gato, certo?!

Só que de tão bem que se estava ali, provavelmente estive tempo a mais, o corpo adormeceu, e aqui mudou por completo a prova... Aliado ao normal cansaço, comecei a sentir a falta de amortecimento dos ténis. Os Sense Ride que tanto gosto, que tanta confiança me dão, mas que provavelmente não serão os melhores para estas distâncias. Até à Portela comecei a ter dificuldades em correr, as dores por baixo dos pés começavam a incomodar. Como se isto não bastasse, com o cair da noite à chegada à Portela, caiu em cima de mim uma carga de sono que parecia que não dormia há 3 noites.... Só me apetecia dormir, entrei no abastecimento e encostei-me lá numa cadeira, deitei a cabeça em cima das penas todo dobrado, mas mais uma vez o telefonema de casa deu-me o boost para arrancar. Porto da Cruz é já ali, são "só" cerca de 6km....

Pois, 6 km mas mal saímos do abastecimento entramos num caminho real, bastante inclinado e húmido.... TOP mesmo!!! Depois do caminho real, uma levada, pois claro. E depois dessa levada, toma lá mais outra!! Caraças para isto um gajo já vai todo lixado e não facilitam nada... Ai queres facilidades??? Então toma lá uns quilómetros em alcatrão para aprenderes!!! Pelo caminho ainda encontro a Andreia, que estava à espera do seu Paulo, que eu sabia que já não vinha nas melhores condições..

Chego finalmente ao abastecimento, assim que entro sento-me na 1ª cadeira que encontro. Vem uma voluntária bastante simpática ver se estou bem, digo-lhe que já só vou estar bem quando conseguir deitar-me na minha cama, pergunta se me pode trazer alguma coisa e agradeço e peço um chá. Devia ter comido, mas o sono e o cansaço já eram tantos que nem tive vontade.

Saio do abastecimento depois de mais 1 telefonema, já são só 16km até Machico mas não consigo correr, portanto serão cerca de 3h. Vou na conversa com um espanhol de Barcelona, é a primeira vez dele na Madeira e está a adorar também. Mas se eu não vou bem ele vai pior, e assim que chegamos às primeiras escadas ele fica para trás. É assim, amigo não empata amigo e hasta la vista, arrasto-me por ali acima a fazer um esforço para mexer as pernas e não fechar os olhos.... Alcanço finalmente o Larano...


Tantas histórias que já ouvi do Larano, novas vidas que por lá se ganham, mas quem mais por ali habita nas alturas do MIUT são os mortos vivos e hoje sou um deles também. Cada passada que dou é menos 1 que falta para a meta, ou para a cama que tanto quero.... Mas caramba, quantos quilómetros tem o Larano?? Isto nunca mais acaba. Sou passado, ainda há uns mais vivos que eu, mas também ainda consigo passar, há sempre quem esteja pior.... 

Finalmente saio do Larano, hei-de voltar e conseguir passar de dia para ver se realmente é tão belo como dizem, mas agora foi com alívio que virei pra Boca do Risco, para depois apanhar a infindável levada de Machico. 

Não sei qual foi pior, o Larano ou esta levada, em que já se vêem as luzes de Machico ao fundo mas há sempre mais uma curva e outra, que nos afastam quando parece que é já ali... 

Por fim saio da levada, uns metros de alcatrão e as escadas que nos colocam lá em baixo, com a meta já ali...

Finalmente, volto a correr. O objectivo está prestes a ser cumprido, o sonho concretizado, a meta do MIUT cruzada.



Não correu como esperava, mas no papel os imprevistos nunca acontecem e corre tudo como planeado.

Fui vergado, bem vergado, mas não fui vencido. 

Desafiei o MIUT, se calhar em dada altura substimei-o, e ele colocou-me bem no meu lugar, mas conquistei-o.


O domingo foi passado com os amigos, a hidratar e a fazer o rescaldo da prova.


E ainda consegui tirar uma foto com a melhor atleta do mundo, a Courtney claro!


O meu 1º MIUT está feito, irei voltar é certo. Há erros que não voltarei a cometer, mas quero voltar a viver tudo novamente, quero voltar ao meu parque de diversões. Já adorava a ilha da Madeira, e agora fiquei completamente apaixonado. 



Porque... existem as outras provas e depois... há o MIUT


sábado, 7 de novembro de 2020

Penacova Trail do Centro

 

Finalmente, 9 meses depois de ter participado nos Ultra Trilhos dos Reis num ano completamente atípico e que jamais será esquecido, voltei a participar numa prova... é verdade que após o desconfinamento tenho feito bons treinos com um restrito grupo de amigos, no final de Maio cumprimos um objectivo de à alguns anos que era fazer a Travessia Integral da Serra da Arrábida ligando Palmela ao Cabo Espichel e em Agosto fiz sozinho toda a Ecopista do Dão, mas uma prova é uma prova, com todo o ambiente que a rodeia ainda que agora, neste novo normal como gostam de chamar, nada tenha a ver com o que era antes...

Mas claro que este ano nada é normal, e a prova inicialmente marcada para o fim-de-semana de 19 e 20 de Setembro acabou por ser adiada para o fim-de-semana de 10 e 11 de Outubro, se não aparecesse outro surto de COVID claro está....
Por um lado acabou por me beneficiar este adiamento, porque permitiu treinar um pouco mais.

Sendo Penacova perto de Canas, o plano desde o início passava por um fim-de-semana em família, e assim foi. Saída da margem sul na 6ª ao final do dia de trabalho e rumámos à Beira Alta!

O sábado foi de completo descanso, e aproveitei para de tarde ir buscar o dorsal.



Domingo de madrugada é o despertar, e depois de tudo preparado apanho boleia com o Paulo Mendes, meu quase vizinho que corre pela equipa do Dão Nelas Runners.
Chegámos com tempo, ele foi levantar o dorsal e acabámos de preparar as coisas.
Estava de noite e um frio de rachar...

Aos poucos lá nos fomos dirigindo para a zona de partida, a nova zona de partida... Grupos de 20 atletas com partidas marcadas a cada minuto. Eu ia partir às 7:04, pelo que tive de ir para a box 5 com mais 19 atletas. Assim que partiram os atletas das 7:03 somos chamados para avançar e nos colocarmos do lado de fora do tapete verde, cada um junto a um pino azul.


Depois de todos a postos é dada a nossa partida - uma partida fria, não pelo frio que se fazia sentir mas sim pela falta de convívio e de calor humano, tão característico das partidas nas provas de trail...
500m a direito por um caminho largo e paralelo ao rio, e de máscara colocada.... ia a abafar, é impossível correr de máscara, a quem fala em fazer desporto de máscara apenas digo para experimentarem!!!

Apesar de Penacova ser perto de Canas, nunca lá tinha ido pelo que ia completamente às escuras no que ao percurso diz respeito. Logo nos primeiros km entramos em single track, o que originou engarrafamentos.
Depois do frio que se fazia sentir na partida junto ao rio, já começava a sentir calor e encostei para tirar o casaco.
Estes primeiros km eram um carrossel autêntico, e num instante chegámos ao alto onde tem um avião de madeira. Espectacular, o dia a clarear e uma paisagem fenomenal. Daí começamos a descer por um trilho espectacular até chegarmos à estrada, e depois de atravesarmos a ponte, novo trilho inclinado com uns degraus que nos levam a outro miradouro com uma vista fantástica!




Bela maneira de começar o dia!!
Depois de atravessar Penacova, damos início ao trilho que nos ia levar até a um dos pontos altos da prova: os Moinhos de Gavinhos. Um segmanto com partes bastante técnicas, ora a subir ora a descer a pique até chegar à parede que temos de transpor para chegar aos moinhos. Chegámos lá acima mas mal deu para ver a vista, pois estava tanto vento que parecia empurrar-nos dali abaixo; foi chegar e virar à esquerda para o trilho que nos ia conduzir em direcção ao Lorvão, onde estava o abastecimento dos 15km.
Por falar em abastecimentos.... nesta prova apenas havia abastecimentos de líquidos, se quiséssemos comer alguma coisa apenas poderia ser aos 15 e/ou 35km que era o mesmo abastecimento no Lorvão, e se tivéssemos apoio de alguém.. Quem estivesse sozinho, tinha de levar tudo consigo. Quando passei aos 15, depois de uns km que gostei de fazer pois não sendo demasiado técnicos dava para divertir, não tive ainda apoio, pelo que apenas enchi flasks e segui.

Foto da Susana Luzir, espectacular!




O segmento que se seguia começava com uma subida bastante acentuada que fiz nas calmas, e depois chegado lá acima uns trilhos muito bons onde dava para ir a correr sempre, assim houvesse pernas!! 
Não conhecia nada desta zona e estava a adorar a prova, e aqui já sabia que no próximo abastecimento aos 22,5km em Caneiros ia ter o apoio da Ana Bela e dos miúdos, do meu Pai e da Helena, pelo que ia entusiasmado!!

Cheguei e lá estavam, uma festa!! Enchi flasks, umas palavras e segui caminho. Termos ali apoio é muito muito bom, mas às vezes torna-se ingrato para eles que esperam tanto que cheguemos e depois damos umas palavras e queremos é seguir o mais rápido possível...

Se até aqui a prova não estava a correr mal e estava a gostar, depois deste abastecimento foi o ponto de viragem... O percurso seguia paralelo ao rio e tinhamos de ir por cima de pedra, lisa e onde não dava para correr. Num momento de desconcentração caí, escorreguei e bati com o meu lado direito em cheio na pedra enquanto escorregava em direcção ao rio por cima de umas silvas... nada agradável!!!! Depois de ultrapassar esta zona apanhamos um bocado de trilho onde pensei que o pior estava feito, mas enganei-me! Fomos colocados naquilo que eu chamo de encher chouriços, ou seja há uma ribeira e somos mandados a andar a passar de um lado para o outro dezenas de vezes, subir e descer ramos e pedras. Aqui ainda todo dorido da queda que tinha dado comecei a fartar-me... Foram cerca de 5km disto...
É a minha opinião e de pouco vale, eu não gosto e há quem goste, mas acho que quando se cai no exagero ao colocar estes bocados só estraga a prova..
Adiante... depois de sair desta zona uma subida a levar-nos de volta à civilização, mas aqui estava a aparecer outro problema: água! Estava a ficar com os flasks vazios,e ainda só estava a chegar ao km 30 e estava calor... Safou uma fonte que encontrei à entrada de uma aldeia, onde tomei quase um banho, bebi 1,5l de água e enchi flaks. Já mais descansado e refrescado, lá segui a corrinhar. Aqui estávamos a passar umas aldeias e era quase só alcatrão e estradão, um bocado seca. Só queria chegar ao km 34 onde íamos apanhar o caminho que tínhamos feito a subir, mas os km estavam a custar a passar....

Finalmente cheguei ao pé do conjunto de moinhos que tinha passado umas horas antes, e dei início à descida que me ia levar ao Lorvão, ao abastecimento dos 35km, à comida e ao meu apoio!!! Foi também esta descida a que mais gostei e onde mais me "diverti" em toda a prova, e aqui onde voltou a dar o click para entrar novamente em modo prova...

Chegada ao abastecimento, com o melhor apoio do mundo <3



Cheguei ao abastecimento onde fui recebido em festa!, e sentei-me finalmente a comer!! Já tinha comido 3 barras que levava comigo, mas continuava com fome. Atirei-me às batatas fritas e a uma sandes de presunto, que me soube pela vida!
Já de barriga mais aconchegada, arranquei para os últimos 5km da prova. 



Não sei se foi do abastecimento ou de sentir a meta perto, deixei de sentir o cansaço e ia com o chip de prova colocado.
Fiz estes últimos km sempre a correr/caminhada rápida a subir. Ainda apanhámos pelos 40km uma descida técnica onde eu só imaginava como teria sido feita ontem pelos 1ºs classificados do campeonato!!




Depois de cruzar o rio fiz finalmente os últimos metros em sprint e terminei a 2ª prova do ano!!
É agora uma meta triste, sem o convívio e animação habituais... o atleta chega, recebe a medalha e tem de sair dali para não criar ajuntamentos...

Quanto à prova em si, antes de mais dar os parabéns ao Carlos Sá e a toda a organização pela coragem e audácia de organizar a prova na situação em que nos encontramos. Quanto ao percurso, como já disse acima houve uma parte que não gostei e senti que foi apenas para colocar os km necessárias à distância, sem acrescentar interesse. O percurso que foi comum à prova do dia anterior foi bastante interessante, partes técnicas divertidas e outras corriveis, um percurso interessante. Assim que deixámos de fazer a parte comum e derivámos para os 43, o percurso pouco teve de interessante. Pessoalmente, preferia ter feito a mesma distância do dia anterior, em prova aberta a todos...





terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Monchique Open Trail 2019


Quanto em finais de Setembro me apareceu no feed do Facebook esta prova, o interesse ficou logo em níveis elevados!!
No longínquo ano de 2011 estive com a Ana Bela 1 semana de férias no Monchique Resort & Spa e adorámos, e voltar agora lá, desta vez já com 3 miúdos e ainda com a possibilidade de correr.... bem era uma oportunidade que queria aproveitar!!

Apresentei a ideia de um fim-de-semana interessante cá em casa e foi imediatamente aceite eheh :) 


E assim na sexta-feira saímos de casa com tempo e lá fomos em direcção a Monchique. Lá chegados e feito o check-in no hotel, lá fomos conduzidos para a nossa suite. Não fosse isto um resort de 5*****, o saco com as lembranças e o dorsal já estava lá à espera!! Maravilha assim!! E seguiu-se o estágio para a prova, com ida pra piscina quentinha do spa!

Sábado de manhã com tempo ideal para correr, depois de um pequeno-almoço de hotel não exagerado, lá fomos para a zona da partida! Era uma prova onde não estava à espera de ver muitas caras conhecidas, mas lá apareceu o Bruno Narciso, irmão do meu grande amigo Heitor e assim ainda estivemos por ali à conversa.








Após um muito breve briefing lá foi dada a partida e, partida de prova curta que se preze e a descer, tem de ser feita em ritmo elevado e esta não foi excepção!!! 1º km a descer e a 3'59"km, ia bem mas com noção que tinha de abrandar, mas deixei-me ir no grupo dos 3 primeiros até deixar de ser a descer e inverter a inclinação!

A subir e com noção que o treino nos últimos tempos não tem sido o melhor, abrandei e estabilizei num ritmo mais confortável. Não sei se foi do café que bebi poucos minutos antes da prova começar, o ritmo cardíaco ia algo elevado, o que fez com que abrandasse também...


Não conhecia nada do percurso, mas uns comentários no Facebook da prova tinham aconselhado a levar bastões! Não levei, afinal eram apenas 23k, e a verdade é que não senti falta deles, mas ia sempre na expectativa a ver quando é que eles fariam falta. O percurso não apresentou grandes dificuldades técnicas, e sempre muito muito bem marcado.


Depois de passarmos por Caldas de Monchique começou a 1ª grande subida da prova. Aqui senti a diferença nas pernas para quando andava a treinar com disciplina, mas eram poucos km por isso não havia muito a gerir! Puxar no máximo, feita a subida deu para correr um bocado a direito e a descer até chegarmos a Monchique onde, aí sim começou o principal desafio da prova: a subida à Picota.

Com muitos atletas da prova curta e pessoal da caminhada pelo caminho, foi sempre a dar o máximo que enfrentei esta subida. Eu gosto destas subidas!
A prova tinha 2 abastecimentos, aos cerca de 7km e 14. Não parei em nenhum, mas quando passei e olhei pareceram-me bem compostos.

O topo da Picota estava aos cerca de 16km, cheguei lá com 2h. Nas minhas previsões esperava chegar mais cedo, e tinha sido possível se estivesse em melhor forma. 
Estou mesmo a chegar ao topo da Picota e toca o telefone! A Ana Bela e os miúdos andam na piscina, e querem saber se ainda estou longe!! Respondo para não terem pressa, que ainda demorarei um bocado!!

Chegados à Picota, o caminho era a descer claro!! Só que o topo da serra era só pedra, e como tinha estado de chuva estava tudo molhado e alguma lama. 
Pouco depois de começar a descer apanho um susto, vou a curtir a descida, pedra está molhada, escorrego e torço o pé direito! Não foi nada grave, mas fez soar os alarmes.
Daí para a frente abrandei, desci com muita mais cuidado e a arriscar ZERO! Com este abrandamento perdi cerca de 10 posições.... Não é que interesse muito até porque o que interessava era não lesionar, mas ia contente com o meu lugar e depois como abrandei perdi bastantes posições, mas os atletas iam perto uns dos outros e era inevitável...

Cerca de 2km da meta ligo, a avisar que estou a chegar. Com o caminho fácil e a descer, disparo em direcção à meta a ritmos bastante abaixo dos 4'km! 
A poucos metros da chegada tenho o melhor prémio que se pode ter à espera: a Ana Bela, o Tomás, a Madalena e a Oriana, que me acompanham contentes para cruzar a meta!

Depois ficámos por ali, fui tomar banho e voltámos para a festa final que estava preparada para os atletas e familiares.

Para uma 1º edição, e já tive oportunidade de o dizer à organização, foi uma prova excelente! Percurso muito bom, marcações excelentes, abastecimentos que me pareceram qb
Fiquei com pena de não ter conseguido uma melhor classificação, mas depois do susto que apanhei ao torcer o pé tive medo de arriscar... o objectivo começa em Janeiro no Trilho dos Reis, e é aí que tenho de estar nas melhores condições.

Mas mais importante que qualquer classificação que pudesse obter, foi o fim-de-semana espectacular que passámos! A Oriana que é a mais pequena e que só faz 3 anos daqui a dias, continua a perguntar quando voltamos para o hotel!!! :) 


quarta-feira, 24 de julho de 2019

Seixal Night Run

A Seixal Night Run é especial para mim, pois foi a minha 1ª prova em 2014. Falhei apenas uma edição, no ano passado porque estava na Lousã para participar no Louzan Trail no dia a seguir. Custou não participar, mas aí nada havia a fazer...

Este ano e estando livre na data da prova, prontamente aceitei o desafio do Pedro para participar na prova em representação do LH Ginásio. Havia também o desafio de tentar melhorar o tempo que fiz na São Silvestre do Seixal em Dezembro, 39'40". Só que, e depois de participar no Ultra Trail de Sesimbra, dediquei  mais tempo a descansar que a treinar para esta prova!!


Chegado o dia, depois de jantar lá me dirigi para o Seixal. Reunir com a malta, aquecer e garantir um lugar bom para sair bem na partida.

Dada a partida, arranquei rápido como esperado e ultrapassei alguns atletas que estavam à frente e segui no meu lugar. 1º km feito em 3'41", 2º km em 3´59"... 

Ia rápido, de faca nos dentes e a dar tudo o que tinha. 3º e 4º km's a 4'00" ia com tudo.
O percurso era todo na marginal do Seixal, o que acabava por concentrar mais o público e garantir um maior apoio aos atletas.
Até que a meio do 5º km tive de parar por uns segundos.... uma "dor de burro" que não conseguia aguentar mais obrigou-me mesmo a parar e acalmar a respiração. Este foi o km mais lento feito em 4'40". 
Ainda consegui aumentar o ritmo nos km seguintes, mas sem conseguir chegar ao nível dos primeiros km, o que me fez perceber que o tempo da São Silvestre não ia ser batido...
LH Running Team
Acabei a prova em 41'23", muito aquém do que esperava mas sem conseguir dar mais que fosse...

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Ultra Sesimbra 2019



Pelo 5º ano seguido marquei presença nesta prova. Nas 2 primeiras participações na distância mais curta, e nos seguintes na distância Ultra.
De todas, acho que esta foi a mais difícil não devido à elevada dificuldade do percurso, que basicamente é a mesma dos anos anteriores, mas devido ao calor extremo que se fazia sentir este ano.

Ao final da tarde já no conforto do sofá em casa, escrevi o seguinte no Facebook:
"Agora que o Ultra Trilhos Rocha da Pena - UTRP vai ser feito de noite, o Ultra Sesimbra está bem lançado para ganhar o prémio de prova mais quente do ano 🔥
Prova duríssima, o percurso de sempre mas debaixo de um braseiro
Ah, e não devia ter ido fazê-la 2 semanas apenas depois do UTSM - Ultra-Trail de São Mamede..."

Pois.... aliado ao calor que se fazia sentir, passavam somente 2 semanas depois do UTSM e quer se queira quer não, não é tempo suficiente para recuperar convenientemente. Mas era difícil ter esta prova à porta de casa e não ir...

Assim sendo, no dia da prova o ritual foi o de sempre: quando faltava cerca de 1h para a prova saí de casa, passados 20 minutos estava a estacionar em Sesimbra e de seguida a levantar o dorsal. De todos os lados, pessoal amigo e conhecido a cumprimentar, trocar 2 dedos de conversa e a desejar boa sorte para a prova.

Perto das 8h estou na zona de partida, como sempre na Praça da Califórnia. 
A partida é dada à hora certa e, este ano ao contrário dos anos anteriores, uma boa novidade: não noa vão meter logo de início pela praia; para mim isso não fazia sentido nenhum e finalmente este ano parece que a organização percebeu isso!!

Conhecendo bem o percurso da prova, arranco com calma, sem me entusiasmar com os primeiros km de alcatrão! Passado o par de km a subida para a pedreira para depois entrarmos no trilho de acesso à Ribeira do Cavalo, e com o bafo que se fazia sentir já começava a sentir o calor a apertar!!
Este trilho para a Ribeira do Cavalo não é de uma tecnicidade elevada, mas aqui apercebi-me que fiz a escolha de ténis errada!! Para esta prova levei os já "velhos" Salomon S-Lab Sense 6 que contam já com cerca de 600 km, como tal a sola já apresenta algum desgaste e não agarram como dantes. Pois, pois não, e numa curva do trilho lá me esbardalhei!!! Nada de grave, levantei-me e segui trilho abaixo, para logo de seguida dar início à subida cascalheira acima.
Aqui em fila, sem espaço para grandes acelerações, cheguei ao topo e suava em bica, o suor escorria que parecia que me tinham despejado um balde de água em cima!!! Cheguei ao 1º abastecimento da prova e parei: desconfio que terei sido dos pouco a fazê-lo, mas com o calor que estava era essencial hidratar muito e bem!

Segui caminho, agora um segmento mais rolante até ao Cabo Espichel. Pensei que aqui não iria sentir muitas dificuldades, mas com o calor que começava a fazer-se sentir cada vez mais o cansaço ainda do UTSM começou a aparecer... 
Decidi abrandar um pouco o ritmo, e fiz uns bocados a caminhar... Chegue ao Cabo e enchi flasks, comi banana, laranja e melancia e arranquei.

Este bocado é uma seca... Seguir pelos trilhos junto à orla costeira, sem sombra alguma e com o calor cada vez mais forte... Os kms parece que não passavam, e o terreno com areia fina não ajuda em anda...

Na praia da Foz há um abastecimento, e aproveito para comer e refrescar. Estavam mais de 30º, um dia bastante quente, e este percurso quase não tem sombra; esta prova feita em Fevereiro/Março era uma coisa, mas num dia destes....
Prossigo caminho, cada vez mais farto do percurso... Agora seriam cerca de 8km a subir, não muito acentuado mas como se costuma dizer "não mata mas mói"...
A meio caminho um abastecimento extra, mesmo em boa hora para voltar e encher flasks... 
No abastecimento da pedreira demorei muito tempo. Chegou a passar-me pela cabeça a ideia de desistir; já fiz esta prova imensas vezes, treino nesta zona quando quero e estava a ser um sacrifício fazê-la, não estava a tirar nenhum prazer... Comi, bebi, andei para trás e para a frente, e decidi seguir, a correr ou a caminhar, ia indo e ia vendo!!

Saio da pedreira e sigo a caminhar, mas num passo rápido. Chegado ao topo da pedreira, entro no estradão a descer e inicío um trote. Vou cansado, está imenso calor e começo a alternar trote e caminhada até chegar ao trilho que sobe ao castelo, pois aqui já seria impossível pensar em algo mais que fosse caminhar!!!!

No castelo junto ao abastecimento tem uma torneira, e quando lá chego completamente esgotado, tomei quase um banho completo! Depois dirigi-me para o abastecimento, e sou recebido pela Mena que tinha feit comigo muitos kms no UTSM!! Sempre bem disposta, mandou-me logo sentar à sombra e tratou de me arranjar uma sandes, e coca-cola fresca!!! Soube pela vida!! Ainda comi também umas bolachas, e já recomposto arranquei para os últimos 10km.
Continuei a alternar trote e caminhada, já não dava mais! A caminhar tentava manter um ritmo vivo, mas era o possível! O percurso continuava a não oferecer qualquer sombra, e o corpo já não dava mais... Agora era gerir e chegar ao fim....

Acho que foi também neste segmento que decidi que nos próximos anos não volto a fazer a Ultra distância nesta prova; o percurso é basicamente o mesmo todos os anos, sem grande interesse (as paisagens são bonitas na sua grande parte, mas torna-se desinteressante) e cansativo psicologicamente... Provavelmente volto, mas para fazer a distância de 21km...

7h depois do início cheguei à meta. É um resultado péssimo, apenas justificado pelo cansaço ainda do UTSM conjugado com o elevado calor que se fez sentir, mas ainda assim muito muito mau....
Família LH Ginásio