A vida é como um livro feito de capítulos, e em que no final de cada um há um ensinamento a aprender. Neste capítulo da maratona, e apesar de já não ser a 1ª, há várias coisas que tenho que retirar para não se repetirem no futuro...
Tal como no ano passado, andei quase até às últimas a decidir se ia ou não à maratona. Sensivelmente a um mês da prova, comprei um dorsal a uma pessoa que não poderia ir, e vendi-o um par de dias depois (pelo mesmo valor!!) porque soube que a minha empresa ia pagar a inscrição a quem quisesse ir :)
No referente à preparação, no último mês dediquei-me exclusivamente a preparar esta prova: deixei de ir pra serra, e substituí esses treinos por outros longos de estrada. Com o aproximar da data a confiança aumentava, estava a sentir-me bem nos treinos, e com isto estabeleci o objectivo de baixar o tempo do ano passado, das 3.35 para um tempo a rondar as 3.20 / 3.25. Para conseguir isso, a estratégia passava por juntar-me ao grupo da banedira das 3:30 até à zona de Algés e depois, se as pernas o permitissem, descolar para tentar então baixar o tempo.
No domingo, a rotina pré-prova correu sem sobressaltos. Fui com o amigo Gil Caldeira, companheiro de equipa do OCS PROAVENTURAS, deixámos o carro, tal como nos outros anos, na estação de Algés e lá apanhámos o comboio. Chegados a Cascais a caminhada até ao largo do Hipódromo, últimos preparativos e ir para a caixa de partida. Tudo OK e sem sobressantos, a confiança estava em altas!
Dada a partida, este anos 30 minutos mais cedo, arrancámos no meio da multidão inicial juntamente com o grupo das 3:30.
Depois dos metros iniciais o pelotão começou a esticar e a haver espaço, e deu para estabilizar ritmos. E esta é a grande questão e foi, a meu ver, o meu grande problema... Para fazer 3.30, o ritmo deveria ir a rondar os 5'/km; acontece que o pacer ia a colocar ritmos mais elevados entre os 4'40" e 4'50", apenas com alguns abrandamentos esporádicos...
Depois dos metros iniciais o pelotão começou a esticar e a haver espaço, e deu para estabilizar ritmos. E esta é a grande questão e foi, a meu ver, o meu grande problema... Para fazer 3.30, o ritmo deveria ir a rondar os 5'/km; acontece que o pacer ia a colocar ritmos mais elevados entre os 4'40" e 4'50", apenas com alguns abrandamentos esporádicos...
Eu dei conta disto, olhei várias vezes para o relógio e pensei que íamos rápido...
É óbvio que a culpa não foi dele; a estratégia que eu tinha definido poderia (e deveria) tê-la mantido, e continuar eu a rolar a 5' só que... naquele momento, com a adrenalina da prova e a frescura ainda dos km iniciais, deixei-me ir...
Comecei a ter mais dificuldade em correr, senti os gémeos como nunca os tinha sentido, mesmo em distâncias muito superiores. E a partir daí, resignei-me e vi-me obrigado a baixar o ritmo, e na zona de Algés houve um pedaço onde fui mesmo a alternar a corrida com caminhada.
Nos kms finais, com o aproximar da meta ganhei algum ânimo e as forças parece que reapareceram, e voltei a correr.só parando quando cortei a meta!
Esta foi das 3, claramente a maratona onde sofri mais para acabar. Identifico alguns erros que cometi e não deveria até porque já não sou inexperiente nestas andanças... O descanso é fundamental, mas nas noites que antecederam a prova, em vez de me deitar cedo arranjava qualquer coisa para fazer e ir pro sofá; no dia anterior, que se requer de repouso, passei a manhã em Monsanto (aqui não me cansei, pelo contrário foi relaxante!) mas depois de sair de lá e um almoço no McDonald's, passei 1:30' na fila para levantar dorsal, em pé e sem hidratar; na prova em si, deixei-me levar pela adrenalina e fui a ritmos superiores áqueles que era suposto para fazer o tempo que ambicionava e para os quais estava preparado...
É com os erros que aprendemos, e vou tentar não esquecer esta experiência para não voltar a cometer os mesmos erros.
Quanto à organização da prova e a todas as críticas que já foram feitas, espera-se mais de uma organização com os anos de experiência como esta. O processo de levantamento de dorsais foi vergonhoso, com filas de horas e tudo apertado nos balcões, sem capacidade de dar resposta a tanta gente. A feira... bem é caso para perguntar: que feita??? Meia dúzia de stands num espaço apertado e meio escuro, enfim.... Eu não tive esse problema, mas não haver camisolas para toda a gente??? Inadmissível sr Móia!! Pelo menos, e no que à maratona diz respeito, não identifiquei falhas graves na organização: bastantes abastecimentos e sem faltar água, e o local da meta excelente; para mim tiraram o que mais detestava nesta prova, que era a junção com a meia-maratona.
Uma nota final para o público: em Cascais havia muita gente na rua, quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; ao longo da marginal havia algum público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis; à chegada ao Cais do Sodré e até à meta, havia muito público: quem apoiava eram os estrangeiros, com destaque para os espanhóis. Há aqui um padrão, não há?? Os portugueses, com excepção daquele pessoal que corre e foi apoiar ou de quem tinha lá familiares/amigos, parece quase que estão num velório. Já que estavam ali, apoiassem quem para quem já vai em esforço ouvir um incentivo dá sempre um ânimo extra.
Eu também me deixei levar pela euforia inicial dos primeiros kms e aos 12 kms estava a dar o berro... A diferença é que eu só fiz 21kms e mais uns metros.
ResponderEliminarSobre a organização já disse o que tinha a dizer, e concordo contigo a 100% em relação ao público nas ruas. Os espanhóis não só fazem a festa para os deles, como fazem para todos os atletas que por eles passam.
Tivessem as provas começado com 2h de diferença e teríamos cortado a meta ao mesmo tempo! :D
Agora volta mas é aos trilhos! hehe
Abraço
O problema é que já não somos meninos nisto, e devíamos saber refrear a euforia inicial... Sempre a aprender.
EliminarOs espanhóis são especaculares e só me deixam com vontade de a próxima maratona ser a de Sevilha!
Essa do horário de início das provas é outra que não entendo, como também referiste: porque não começa a MM mais cedo?? Pode ser que para o ano alterem a hora, tal como este ano alteraram a hora de início da Maratona...
O regresso aos trilhos é já domingo ali para Porto Covo, e depois Zêzere :)
E tu quando voltas?! ;)
Abraço
Olá Paulo,
ResponderEliminarSó hoje é que li esta tua crónica. Também fiz esta Maratona e posso dizer-te que das 9 que já fiz até hoje foi a que me correu pior. Também "aprendi" com os erros. No meu caso foi falta de descanso (na noite anterior dormmi 1h30m, talvez ansiedade...) e a falta de alimentação antes da prova (só comi às 4h30m da manhã e depois durante a prova) resultado... subida de Oeiras(Km26/27) "levei com a marreta"!!
2 pontos:
- ORGANIZAÇÃO - Nada a acrescentar ao que disseste. No meu caso "apenas" 30 minutos na fila e (ainda) tive direito à camisola mas só na medida acima da minha... :P Das Maratonas em que já participei Lisboa é a PIOR em termos de organização!
APOIO - Se queres sentir a VERDADEIRA "fúria" dos espanhois aconselho-te a fazer a prova de Sevilha (Fevereiro) 95% (para não dizer 99%) do percurso com pessoas a APOIAR VERDADEIRAMENTE!
P.S. - Este ano vou lá voltar novamente porque tenho contas a ajustar com ela ;)
Um grande abraço,
Miguel Marques